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O que está em jogo com a ida de Lula à COP 30 nesta quarta-feira (19)?

Presidente chega a Belém para liderar os debates finais da conferência, em meio a negociações globais e expectativa sobre o papel do Brasil no combate ao clima

Jéssica Nascimento

A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Belém, nesta quarta-feira (19), marca um momento decisivo da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). A avaliação é do geógrafo e cientista político Ribamar Braun, para quem a participação do chefe de Estado brasileiro “é estratégica não apenas pelo papel de anfitrião, mas por estar diretamente ligada ao avanço das negociações sobre financiamento climático e compromissos ambientais”.

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Segundo Braun, Belém se torna “temporariamente capital federal” durante a conferência, o que exige que o presidente despache da cidade. Além disso, a chegada de delegações de diversos países “faz necessária uma postura de cordialidade, recepção e liderança diplomática”.“O que mais interessa na presença do presidente nessa semana é justamente o debate sobre o financiamento climático. Qual o papel do Brasil nesse financiamento?”, afirma Braun.

Segundo ele, países participantes cobram clareza sobre como serão utilizados recursos oriundos de setores como o da Petrobras e das explorações na margem equatorial, bem como quais medidas serão adotadas para compensação ambiental.

Metas, biomas e credibilidade internacional

Braun destaca que a visita também envolve cobranças sobre cumprimento de metas ambientais e proteção dos biomas. “É fundamental mostrar se há um plano para que o Brasil combata mais as queimadas e mantenha suas bioreservas em pé — seja no Pantanal, na Mata Atlântica, na Amazônia, no Cerrado ou na Caatinga”, pontua. O especialista diz que o governo optou por não centralizar algumas discussões polêmicas nas mesas oficiais para evitar críticas diretas por metas não atingidas.

Na visão do cientista político, Lula será observado quanto ao seu posicionamento geopolítico. “Querem ouvir do presidente qual é a perspectiva dele, porque é uma visão mais voltada para o entendimento e para o equilíbrio. O Brasil precisa se posicionar de forma equilibrada entre essa guerra econômica de Estados Unidos e China”, analisa. A ausência plena de delegações norte-americana e russa aumenta o peso dos investidores europeus e asiáticos na COP.

Avanço do Brasil em ODS e biocombustíveis

O professor reforça que o Brasil deve apresentar avanços concretos sobre as 17 metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com destaque para combate à pobreza, fome, educação, energia limpa e cidades sustentáveis.

 “O objetivo é amenizar cada quadro de debate. O Brasil lidera na América do Sul e aposta nos combustíveis aéreos de base biológica como carro-chefe desta COP”, diz Braun, citando a discussão sobre os SAF (combustíveis sustentáveis para aviação).

A visita de Lula também poderá definir o lugar do país nas próximas conferências climáticas.“Já houve debate sobre a possibilidade do Brasil presidir a próxima COP. O objetivo agora é deixar uma boa imagem em todos os tópicos”, conclui.

O que está em jogo com a vinda de Lula à COP 30?

• Financiamento climático global;

• Definição do papel do Brasil na agenda ambiental e diplomática;

• Posicionamento geopolítico entre potências econômicas;

• Apresentação de avanços nas ODS e políticas de preservação;

• Fortalecimento da imagem do país como liderança sustentável.