Festa da Chiquita teve edição especial para a COP 30 neste domingo (16)
O 'Chiquita Day' foi o primeiro ensaio para o bloco de carnaval 'Fofó de Belém', com saída da Praça da Bandeira e chegada na Praça do Carmo
Uma edição especial da tradicional Festa da Chiquita foi realizada neste domingo (16) em Belém, como parte da programação paralela à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30). O evento, denominado 'Chiquita Day', serviu também como o primeiro ensaio para o bloco carnavalesco 'Fofó de Belém', idealizado pelo artista paraense e fundador da Chiquita, Eloi Iglesias. O cortejo saiu às 17h da Praça da Bandeira, conhecida como Freezone, no bairro da Campina, com destino final à Praça do Carmo, na Cidade Velha.
Mais do que uma festa, o evento reforçou a visibilidade da comunidade LGBTQIAPN+ na capital paraense, contando com mais de quarenta anos de história. A Festa da Chiquita é, inclusive, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Pará desde 2020, por meio da Lei 9.025. A força e a importância do movimento foram destacadas por Eloi Iglesias, que ressaltou a conquista do espaço na agenda da COP 30.
O artista e fundador da Chiquita, Eloi Iglesias, criticou a falta de representatividade do movimento LGBTQIAPN+ na agenda oficial da conferência, e celebrou a realização do 'Chiquita Day' como uma forma de protesto e presença.
"Cavar esse espaço na agenda foi uma coisa da qual não tivemos como fugir, porque o movimento LGBT+ ficou totalmente invisível na COP 30. É terrível você ter que ‘furar’ por estar fora — o mesmo que acontece com os indígenas e com algumas outras pautas. Algumas pessoas acabam fazendo da COP 30 só um passeio turístico”, refletiu.
Em cima do trio elétrico, o artista fundador da Chiquita, Eloi Iglesias, animou os brincantes (Ivan Duarte / O Liberal)
Além disso, Iglesias ressaltou que a Chiquita é a primeira festa LGBT+ do mundo que “sai de dentro de uma floresta”. “Belém está dentro de uma floresta, e essa COP veio para reafirmar a importância de nós estarmos em todas as pautas. Viva a Festa da Chiquita, que em 2026 vai completar 50 anos. Estamos de pé, resistindo neste espaço de todas as pessoas que têm direito a viver, ao amor, à educação, à habitação, à saúde. É por isso que a gente está aqui", afirmou.
Turistas internacionais também participaram da festa ao passarem pela concentração do evento.
Legado de visibilidade e resistência
A bateria da escola de samba Guardiões do Samba, que irá homenagear Eloi Iglesias em seu enredo no carnaval belenense de 2026, animou o cortejo, que contou ainda com um trio elétrico. O diretor da escola, Márcio Brasil, reforçou o objetivo da homenagem.
"Nós vamos falar do mundo da diversidade. Em um mundo que tem muitas exclusões, vamos fazer um carnaval inserindo todos. Será um samba maravilhoso, composto pelo professor Cláudio Rêgo, que vai cair na boca de todo mundo. Estamos nos preparando para subir para o grupo especial", disse Brasil.
Também houve a venda de leques por R$ 20, com a renda revertida para ações sociais do Coletivo Filhas da Chiquita. Além de aliviar o calor, o objeto é, historicamente, um símbolo de acessório performático dos grupos LGBTQIAPN+.
O gestor de recursos humanos Maelson Trindade, participante assíduo do evento, reforçou o legado da visibilidade.
"Eu acho que foi uma iniciativa muito legal para reforçar o nosso movimento LGBT+ aqui em Belém do Pará, já que o mundo está todo voltado para a gente. Para Belém, além dos pontos turísticos, fica a conscientização de o mundo olhar mais para a gente, porque também fazemos parte do Brasil. Somos uma cultura e um povo muito ricos", declarou.
Frequentador assíduo da Chiquita, o gestor de recursos humanos, Maelson Trindade, participou do evento com os amigos Ryan Galvão (estudante) e João Victor (técnico em laboratório) (Ivan Duarte / O Liberal)
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