Defesa antiaérea e cibernética: saiba como as Forças Armadas protegerão a população na COP 30
O Comando Conjunto Marajoara empregará aproximadamente 10 mil militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira na Conferência
O Comando Conjunto Marajoara empregará aproximadamente 10 mil militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira durante a COP 30, que será realizada, em novembro deste ano, em Belém. O Exército Brasileiro proporcionará segurança, juntamente com órgãos de segurança pública, em áreas importantes na cidade como o Parque da Cidade, local de realização da COP 30, além de infraestruturas críticas e essenciais como a Estação de Tratamento de Água Bolonha e a Subestação de Energia do Guamá. A proteção das Hidrelétricas de Tucuruí e Belo Monte são infraestruturas críticas não localizadas em Belém, mas de relevância no cenário regional e nacional.
O Exército Brasileiro empregará, também, tropas especializadas para realizar a Defesa Antiaérea, a Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear, a Defesa Cibernética e apoiará o controle e monitoramento de drones hostis. Empregará, ainda, caso necessário, tropas de Operações Especiais como resposta tática a incidentes de elevada sensibilidade, em coordenação com tropas e equipes especializadas da Polícia Federal e orgânicas da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup).
A Marinha será responsável pelo monitoramento da Baía do Guajará, do Rio Guamá e toda a área fluvial adjacente e de interesse para o grande evento, com aproximadamente 35 embarcações de diferentes portes para inspeções e controle das áreas fluviais. Realizará, também, a segurança da área do Porto do Outeiro, local onde os transatlânticos que acomodarão delegações estrangeiras estarão ancorados, em coordenação com os órgãos de segurança pública, bem como do Terminal Petroquímico de Miramar e das Subestações de Energia Elétricas adjacentes àquele terminal.
A Força Aérea Brasileira realizará a Defesa Aérea protegendo o espaço aéreo, particularmente durante a Reunião de Cúpula (dias 6 e 7 de novembro), que contará com a presença de vários chefes de estado. Atuará, também, na segurança do Aeroporto Internacional de Belém e da Base Aérea, locais de chegada de delegações estrangeiras e negociadores do clima, sempre em ambiente de coordenação com os órgãos de segurança pública e com a organização do grande evento. Além de militares, a operação contará com o apoio da Polícia Militar e da segurança privada do aeroporto.
Uma Central de Escoltas, composta por motociclistas batedores das Forças Armadas, dos órgãos de segurança pública do Pará e pela Polícia Rodoviária Federal, coordenada por esta última, realizará as escoltas das autoridades da Base Aérea até os locais de hospedagem, enquanto negociadores do clima das delegações nacionais e estrangeiras serão transportados em ônibus oficiais fornecidos pelo evento.
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Defesa nuclear, biológica, química e radiológica
Como parte dos preparativos para a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP 30), o Comando Operacional Conjunto Marajoara - estrutura integrada por Marinha, Exército e Aeronáutica - intensificou ações de capacitação e vigilância voltadas à defesa nuclear, biológica, química e radiológica (DQBRN), além de protocolos de combate a ameaças cibernéticas.
Em julho e agosto, organizações militares da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro sediaram a realização de capacitações específicas para esses cenários de risco não convencionais. Militares das Forças Armadas, profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) participaram da atividade, que habilita equipes para atuar de forma integrada, em apoio às forças de resposta mobilizadas exclusivamente pelo componente militar, caso haja incidentes envolvendo agentes tóxicos, biológicos, radiológicos ou nucleares.
O treinamento segue protocolos atualizados aplicados em grandes eventos internacionais, como a Cúpula do BRICS, realizada em julho de 2025 no Rio de Janeiro, ocasião em que foram empregadas estratégias de descontaminação, controle de acesso e resposta a incidentes QBRN, em alinhamento com padrões de interoperabilidade e segurança multissetorial. A preparação também incorpora lições aprendidas em operações anteriores das Forças Armadas, incluindo os Jogos Mundiais Militares (2011), Jornada Mundial da Juventude (2013), Copa do Mundo (2014), Jogos Olímpicos e Paralímpicos (2016) e ações de descontaminação durante a pandemia de Covid-19.
O Comando Marajoara disporá de tropas especializadas em defesa química, biológica, radiológica e nuclear. “Trabalharemos de forma preventiva na preparação dessas tropas e também da população. Realizamos adestramentos e capacitações não só entre militares, mas em conjunto com o sistema de saúde do Estado do Pará. Um treinamento foi em julho, outro no início de agosto, e as atividades seguem até a COP, para dar melhor capacitação e preparação a todos os envolvidos”, explicou o general Júlio Cesar Nagy, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Norte.
Durante o evento, haverá monitoramento constante e execução de varreduras para detectar agentes químicos, biológicos, radiológicos e nucleares, além de inspeções antibomba e eletrônicas. “Essa é uma área de preocupação de todos e começa com atividades preventivas de inteligência sobre ameaças não apenas terroristas, mas também do crime organizado e de outros agentes que possam perturbar a ordem. Esse acompanhamento é fundamental porque permite uma ação antecipada a qualquer tipo de ameaça”, destacou o general.
Exercício Guardião Cibernético
O general Nagy ressaltou a importância do Exercício Guardião Cibernético, que simula situações de invasões digitais para preparar as equipes de defesa. “O grande objetivo é simular essas situações e preparar aqueles que têm de defender e reagir a esse tipo de ataque, que é tão prejudicial à sociedade”, acrescentou. A adoção de protocolos específicos para a Defesa Cibernética reforça a capacidade de coordenação entre agências e a prontidão operacional para garantir a segurança da COP 30. “É fundamental porque não somente órgãos e instituições militares são atacados diariamente; instituições financeiras, de telecomunicações, de energia e de abastecimento de água também podem ser colocadas em risco por ataques cibernéticos”, afirmou.
“É um esforço amplo que exige preparação dos efetivos militares envolvidos, elevado grau de coordenação com as agências e instituições envolvidas, acompanhamento de inteligência e condição de pronta resposta, para garantir que a COP 30 transcorra com total segurança”, concluiu o general Nagy.
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