COP 30 pode ter 1ª menção a afrodescendentes em textos oficiais da ONU
Termo aparece em rascunhos sobre adaptação e transição justa, mas permanência depende de consenso entre países
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 30) pode registrar um marco histórico ao incluir, pela primeira vez, o reconhecimento de povos afrodescendentes, como negros brasileiros e comunidades quilombolas, nos textos oficiais das negociações climáticas da ONU. O termo aparece nos rascunhos das decisões de adaptação, transição justa, gênero e no chamado pacote de mutirão, mas sua permanência ainda depende de aprovação unânime entre os países.
A iniciativa é liderada pela Colômbia e tem apoio de México e Uruguai. Apesar disso, parte das delegações africanas demonstra resistência por temer disputas envolvendo repartição de financiamentos e divergências sobre a definição internacional de “afrodescendentes”. As informações são da Folha de São Paulo.
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Países pressionam pela inclusão
A vice-presidente colombiana França Márquez anunciou nesta terça-feira (18) a formação de uma coalizão internacional para defender o reconhecimento dos povos afrodescendentes na agenda climática. A proposta busca garantir instrumentos financeiros e jurídicos específicos e destacar a contribuição desses grupos para a conservação ambiental.
Estudos citados por países apoiadores indicam que territórios afrodescendentes no Brasil, Colômbia, Equador e Suriname apresentam até 55% menos desmatamento em comparação a outras áreas.
Menção segue nos rascunhos
Movimentos sociais consideram que a inclusão pode ter efeito semelhante ao reconhecimento dos povos indígenas na COP21, em Paris — ponto visto como decisivo para ampliar o acesso desses grupos a financiamentos e políticas de proteção ambiental.
Até agora, a palavra “afrodescendentes” permanece nos rascunhos das negociações de adaptação, transição justa e gênero, além do pacote de mutirão, conjunto de decisões consideradas centrais para esta COP.
A expectativa é de que o texto final seja concluído nesta quarta-feira (19). No entanto, qualquer país ainda pode solicitar a retirada do termo, já que todas as decisões precisam de consenso total.
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