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COP 30: Movimentos feministas reivindicam espaço nas discussões sociais e climáticas

Coletivo internacional cobra plano de ação de gênero e critica exclusão de mulheres e comunidades vulneráveis das decisões sobre o clima

Maycon Marte e Thaline Silva

O segundo dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizado nesta terça-feira (11), foi marcado por manifestações em Belém. Entre elas, destacou-se a ação do movimento Women and Gender Constituency, que busca inserir as pautas de gênero e diversidade nas discussões sobre o clima e o desenvolvimento sustentável.

A porta-voz do grupo, a colombiana Gina Valderrama, explicou que o principal objetivo da presença do movimento na conferência é garantir que a transição ecológica leve em conta as minorias e promova justiça social. “Uma das nossas maiores prioridades é sair desta conferência com um plano de ação de gênero ambicioso, que reforce a interseccionalidade pela qual temos lutado e que assegure recursos para que o combate às mudanças climáticas alcance todas as comunidades, especialmente mulheres e pessoas LGBTQIA+”, afirmou.

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Gina destacou que o grupo também cobra uma transição justa, que não repita modelos de exploração e desigualdade. Segundo ela, muitas comunidades da América Latina e do Caribe ainda enfrentam os impactos da extração de recursos e da concentração de poder econômico. “Estamos aqui para dizer basta. Queremos romper com o sistema que nos tira do território, que explora nossos corpos e transforma nossas regiões em zonas de sacrifício racial”, declarou.

A representante reforçou que o movimento defende uma ação conjunta entre diferentes setores, incluindo sindicatos, povos indígenas e organizações ambientais. A proposta, segundo ela, é trabalhar por uma transformação estrutural que una justiça de gênero, ambiental e econômica.

O Women and Gender Constituency é formado por 105 mulheres de diversas partes do mundo. Mesmo assim, Valderrama lamentou as dificuldades enfrentadas por muitas participantes para comparecer à conferência. Ela mencionou que várias integrantes, especialmente do continente africano, não conseguiram viajar por falta de financiamento e pelos altos custos de hospedagem e transporte até Belém.

“Poderíamos ser mais, mas enfrentamos muitas limitações. O financiamento foi um grande obstáculo. Por isso, trazemos cartas de nossas companheiras que não puderam estar aqui — elas deveriam ocupar esse espaço, em vez de todo o lobby dos combustíveis fósseis e das atividades extrativistas”, disse.

*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia