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B4 movimenta mercado de créditos de carbono com proposta de transparência e rastreabilidade

Primeira bolsa de ação climática do país adota blockchain para garantir negociações limpas e projetos realmente alinhados à sustentabilidade

Maycon Marte

O mercado de créditos de carbono e outros ativos sustentáveis ganhou novos rumos após o surgimento da B4, a primeira bolsa de ação climática do país. O diretor-executivo e fundador da bolsa, Odair Rodrigues, destaca que a empresa possui quatro pilares principais: transparência, rastreabilidade, inclusão e imutabilidade. Conforme explica, a missão da bolsa é proporcionar uma negociação mais clara e efetivamente limpa no mercado de ativos sustentáveis.

A comercialização de créditos de carbono é o principal exemplo desse tipo de mercado, utilizado pelas empresas para compensar suas emissões de gases poluentes na atmosfera. Apesar da proposta positiva, os estudos de mercado da bolsa identificaram a presença de maus usos dessa ferramenta, reflexos da falta de regulação e fiscalização criteriosa. Nesse cenário, a B4 atua como uma ponte, conectando originadores de créditos de carbono e empresas que buscam estabelecer projetos de ação climática para mitigar ou reduzir sua pegada de carbono.

Atualmente, a bolsa conta com mais de quatro mil empresas integradas. E, embora o mercado de crédito de carbono ainda esteja em fase inicial, muitas lideranças já estão testando a plataforma e realizando compras menores, como a compensação de emissões de voos, por exemplo. O fundador da empresa deposita mais esperanças de avanço nesse mercado após a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), devido ao impulsionamento do debate que o encontro tem promovido.

A B4 surge com uma proposta que garante avaliações criteriosas para integrar projetos realmente fiéis ao viés de sustentabilidade e promete tornar as transações transparentes, isso tudo graças à tecnologia do blockchain para rastreamento. De maneira resumida, o mecanismo é um sistema de prestação de contas, que Rodrigues compara com uma caderneta de mercearia.

“Antigamente, quando a gente ia em uma venda comprar algo e você pagava no fiado, anotavam o seu nome em uma caderneta com o valor e a data, e no fim do mês, depois de prestar contas, seu nome era riscado. Mas ficava ali registrado tudo que você já havia comprado, e isso é o blockchain: tudo que acontece fica registrado, os erros e os acertos”, explica Rodrigues.

O objetivo disso, segundo o diretor-executivo, é garantir que, quando os créditos de carbono sejam monetizados, os recursos financeiros cheguem aos indivíduos e comunidades que efetivamente preservam e protegem as florestas. Todos os projetos apresentados à bolsa são submetidos a uma triagem e, após a aprovação, são registrados no blockchain, tornando as informações acessíveis a qualquer pessoa que se interesse.

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A empresa surgiu em agosto de 2023, instigada pelas necessidades de transparência e legitimidade do setor, e, com cerca de três meses de existência, já possuía um número expressivo de projetos inscritos para análise. O fundador conta que a maior parte não passou na triagem, isso porque não se enquadrava nos critérios de sustentabilidade efetiva. Esse resultado provou para a empresa que ainda falta aperfeiçoamento para que mais empresas consigam alcançar esse mercado e se alinhar a projetos de sustentabilidade.