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Artefatos explosivos e reféns: veja como a PM se prepara para grandes ocorrências durante a COP 30

Entre as unidades de elite da PM do Pará estão Bope, Rotam e Batalhão de Ações com Cães

Dilson Pimentel

As unidades especializadas da Polícia Militar do Pará, entre as quais Bope, Rotam e Batalhão de Ações com Cães, intensificam os preparativos para garantir a segurança da população durante a COP 30. O foco principal de atuação desses militares será o gerenciamento de crises, que inclui reféns em poder de assaltantes, manifestações públicas e identificação de artefatos explosivos.

O chefe do Departamento Geral de Operações (DGO), coronel Giorgino Mariúba, disse que a PM vem se preparando para a COP 30 de forma intensa. “A Polícia Militar já vem se preparando para atender ocorrências de alta complexidade e, também, se preparando para grandes eventos. No caso da COP, estamos terminando o planejamento operacional e vamos trazer militares do interior para reforçar a capital. E, para as ocorrências especializadas, temos o Comando de Missões Especiais (CME, que engloba essas tropas de elite)”, explicou.

Segundo o coronel Mariúba, o foco principal é o gerenciamento de crises, que inclui desde reféns em situações de crise (ocorrências com reféns), manifestações e identificação de artefatos explosivos. “Estamos focados praticamente na questão de gerenciamento de crise. Podemos falar de reféns em situação de crise, de manifestações, de artefatos localizados e de outras situações que possam aparecer no momento”, informou.

O coronel destacou que várias unidades estarão integradas nessa operação: “Na área metropolitana temos o Bope, o BAC, a Rotam, o Choque e a Cavalaria. No interior contamos com três Batalhões de Missões Especiais e quatro companhias independentes de missões especiais (Cimes). As Cimes são companhias menores, que vêm em reforço aos grandes batalhões da área metropolitana”, disse.

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Treinamento e tecnologia

Em relação à COP, o coronel Mariúba disse que a PM tem focado muito no treinamento. “Estamos tendo palestras, atualizando a nossa tropa, trazendo equipamentos e, em conjunto, homem-equipamento-treinamento, vamos participar de vários tipos de crise para atender qualquer ocorrência que possa surgir no momento desse grande evento”, disse. Ele explicou que as equipes estão sendo preparadas para responder a crises de várias naturezas, como assaltos que evoluam para situações com reféns, artefatos suspeitos ou manifestações de grande porte. “Quando houver manifestações, vamos agir com diálogo, negociações, fazer um gabinete de crise para entender o contexto da manifestação e, ali, alcançar o resultado”, contou.

“As crises podem ser naturais ou provocadas pelo homem, mas o Comando de Missões Especiais (CME) está preparado para atender essas ocorrências”, garantiu. O coronel também lembrou que a Polícia Militar do Pará já tem experiência em grandes eventos. “Somos testados praticamente em quase todos os fins de semana em grandes eventos. A proporcionalidade vai variar, mas estamos treinamento e o planejamento está terminando. Ainda faltam alguns ajustes, como a definição de pontos turísticos e vias de acesso que receberão policiamento 24 horas”, acrescentou.

Ainda segundo o coronel Mariúba, o número total de policiais empregados ainda depende do fechamento desses detalhes. “Os pontos fixos já estão definidos, assim como a cobertura em hotéis. Ainda precisamos avaliar embarcações e transatlânticos para concluir os últimos ajustes”, observou.

Bope reforça ações contra explosivos

Uma das tropas de elite da PM, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também se prepara de maneira intensa. O comandante do Bope, o major Helton Rocha , explicou que o batalhão está se preparando há mais de dois anos. “No fim do ano passado realizamos um Curso de Ações Táticas Especiais, que formou mais de 20 homens. Há poucos dias, enviamos dez combatentes para a Bahia para um curso técnico-explosivista. A demanda voltada para explosivos deve ser grande, com muitas varreduras e ações de contramedida”, disse.

Para atender a essas situações, o Bope recebeu novos equipamentos: “Chegaram dois trajes de proteção e um aparelho de raio-X para detecção de explosivos. Tudo voltado para esse tipo de ocorrência”, afirmou o major Rocha. O traje de proteção é o que há de mais moderno nessa área, garantindo, também, conforto para o agente que opera esse equipamento.

O comandante explicou que a unidade sempre está pronta para crises complexas: “Temos equipes preparadas para agir em assaltos com reféns, que é o Gate, além do Esquadrão Contra Bombas, que já conta com mais de 20 operadores técnicos. O Grupo de Patrulhamento em Ambiente Rural (GPAR), também está atento, pois assaltos a banco em áreas rurais podem ocorrer durante o período da COP”, destacou.

“Recentemente, fizemos algumas simulações envolvendo empreendimentos aqui na capital – hotéis, aeroporto. A gente vem treinando, operando e capacitando os nossos operadores, principalmente voltado para esses grandes eventos na região metropolitana de Belém”, disse.

O comandante do Bope também destacou a preocupação com a ameaça terrorista. “Com certeza preocupação maior é para a questão terrorista, que envolve explosivos. Mas temos como dar apoio às outras forças, como a Polícia Federal, através do Comando de Operações Táticas, e o Exército, que virão para auxiliar no evento”, disse. “O Bope é a tropa de elite da nossa instituição. Temos aqui homens e equipamentos que conseguem, sim, dar uma resposta e um resultado eficiente nesses cenários que fogem da normalidade das ocorrências, que são as ocorrências mais complexas”, disse.

Rotam prioriza controle de distúrbios civis

Outra tropa especializada é o Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam), responsável pelo chamado “segundo esforço de policiamento”. O 2º tenente Francisco Reis contou que a unidade realiza missões de alta periculosidade, como assaltos a banco e crises com reféns. “Estamos nos preparando com treinamentos continuados. Recentemente concluímos um curso operacional específico de Rotam. Uma das prioridades do Batalhão de Rotam na COP 30 é o controle de distúrbios civis, uma das nossas especializações”, disse. É, portanto, a manutenção da ordem pública.

Ele explicou que a Rotam atua mediante acionamento do Comando de Missões Especiais, apoiando outras unidades em ocorrências de grande risco. “São ocorrências de alta periculosidade”, disse.

Batalhão de Ações com Cães amplia varreduras

O Batalhão de Ações com Cães (BAC) também terá papel estratégico na COP. O comandante do BAC, tenente-coronel Adriano Raiol, explicou que a unidade realiza policiamento com cães em Belém, região metropolitana e em todo o Estado, conforme a necessidade.

“Temos cães treinados para detecção de explosivos, capazes de fazer varreduras em teatros, terminais rodoviários e hidroviários, garantindo a segurança da população durante a COP 30”, afirmou. Além da detecção de explosivos, o BAC atua em fiscalização de rodovias, para detectar material entorpecente. “Também realizamos policiamento para detecção de substâncias explosivas em torcidas organizadas, atuando no Re-Pa, por exemplo, para coibir qualquer ato criminoso de torcidas organizadas”, acrescentou o coronel Adriano Raiol. “Basicamente o trabalho do BAC está voltado diretamente ao emprego do cão nas mais variadas modalidades possíveis de detecção de entorpecentes e explosivos.

Ainda segundo o comandante, no Círio, por exemplo, a unidade atua nos portos e terminais de Belém para ambientar os cães, para que eles apresentem um resultado melhor durante o seu emprego nessas ações. “Na COP 30, nossa demanda maior será justamente nas varreduras de material explosivo”, disse.

A Polícia Militar do Pará, portanto, pretende mobilizar um efetivo expressivo, com policiamento 24 horas em pontos turísticos, vias de acesso, hotéis e áreas estratégicas. “Estamos quase fechando o planejamento para essa grande operação”, reforçou o coronel Mariúba. Com treinamentos contínuos, integração entre unidades e equipamentos de ponta, a PM-PA quer assegurar que a COP 30 ocorra em Belém com total segurança para delegações internacionais, autoridades, turistas e moradores.

Governo do Pará e Marinha reforçam fiscalização dos rios de Belém durante a COP

O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), e a Marinha do Brasil atuarão em conjunto para fiscalizar a Baía do Guajará e o Rio Guamá durante a Cúpula dos Líderes e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerão em novembro. A operação vai monitorar de forma ostensiva os rios que margeiam a capital paraense, cobrindo pontos estratégicos como o Ver-o-Peso, o Terminal Hidroviário Internacional e os distritos de Icoaraci e Outeiro, onde cruzeiros contratados pelo Governo Federal ficarão ancorados.

O plano integrado de segurança, que reúne os governos Estadual, Federal e Municipal, em alinhamento com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), prevê a mobilização de cinco mil policiais militares, mil policiais civis e mais de 900 bombeiros militares. A Segup também empregará uma balsa equipada e disponibilizará agentes de segurança pública para atuar diretamente na fiscalização fluvial em parceria com a Marinha.

“Estamos diante de um dos maiores desafios logísticos e de segurança já realizados no Pará. A integração entre Governo do Estado, Marinha do Brasil e demais forças de segurança garante não apenas a proteção dos chefes de Estado e delegações que virão a Belém, mas também da população local”, disse o secretário Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado. “O nosso compromisso é oferecer tranquilidade e segurança para todos que estarão na cidade durante a COP 30”, afirmou.

No último sábado (13), o Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico” partiu da Base Naval da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, rumo a Belém, transportando cerca de 1.100 militares das três Forças Armadas e 435 toneladas de equipamentos estratégicos, incluindo armamentos, veículos blindados e viaturas. A chegada do NAM marcará o início da etapa operacional da “Operação Atlas”, coordenada pelo Ministério da Defesa e integrada ao planejamento de segurança da COP 30.

A presença do NAM “Atlântico” no Pará simboliza a mobilização das Forças Armadas em apoio às ações do Governo do Estado, reforçando a proteção dos acessos fluviais de Belém e das áreas com maior concentração de visitantes.

O comandante da 1ª Divisão da Esquadra, contra-almirante Antonio Braz de Souza, conta que a operação é fruto de um planejamento iniciado há dois anos. “O navio se prepara para atuar em operações conjuntas, em que as três Forças estarão integradas, também no escopo da COP 30”, explicou.

O capitão de Mar e Guerra José Paulo Azeredo, comandante do NAM “Atlântico”, destacou que a embarcação é um símbolo da versatilidade da Marinha em missões dessa dimensão. “Carregamos mais de 400 toneladas de material das três Forças, incluindo 20 viaturas da Marinha, 49 do Exército e 11 da Força Aérea, o que demonstra a capacidade logística e a importância dessa operação para o país”, disse.