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Ararajubas são soltas no Parque do Utinga, em Belém, momento simbólico de homenagem à COP 30

Governador Helder Barbalho participou da soltura de 15 ararajubas, espécie que havia desaparecido da paisagem urbana da capital paraense

Andréia Santana | Especial para O Liberal

O Parque Estadual do Utinga teve um início de semana diferente nesta segunda-feira (17), com a soltura das primeiras 15 das 30 ararajubas previstas para este ano, em uma ação alusiva à COP30. Com a presença de pesquisadores, gestores, visitantes e do governador Helder Barbalho, a liberação marcou mais um passo para o retorno da espécie, que por décadas esteve ausente da paisagem urbana de Belém.

A atividade integra o Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas na Região Metropolitana de Belém, desenvolvido há oito anos pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), em parceria com a Fundação Lymington. Desde o início do projeto, 58 aves já foram reintroduzidas e outras sete nasceram em ambiente natural, resultado de reprodução espontânea, um sinal de que a espécie está se restabelecendo no ecossistema local.

“Abrir essa porta e libertar essas aves representa repovoar a Amazônia. Espécies que antes eram dominantes voltam a viver plenamente em seu habitat. A pressão urbana afastou a ararajuba, mas, com este programa, estamos reintroduzindo dezenas de indivíduos para recuperar a atmosfera da nossa biodiversidade. Realizar esse gesto em plena COP30 reforça ao mundo que é possível conciliar desenvolvimento, conservação e vida na Amazônia legítima, pujante e sustentável”, disse o governador. 

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Esforço pela conservação

Até recentemente consideradas extintas nos arredores de Belém, as ararajubas vêm, em sua maioria, de um criadouro controlado da Fundação Lymington, em Juquitiba (SP). Lá, passam por cuidados veterinários e estímulos comportamentais antes de seguir para o Pará, onde inicia a fase mais delicada do processo: a aclimatação. No aviário do Parque Estadual do Utinga, permanecem por até seis meses em um ambiente preparado para fortalecer suas habilidades naturais, com treinamentos de voo, socialização e adaptação alimentar, incluindo frutos amazônicos.

O retorno das aves ao habitat tem produzido resultados visíveis. Depois de décadas ausentes, bandos voltaram a sobrevoar Belém, chamando atenção pelo colorido marcante e pelo simbolismo. A reaproximação da espécie com a cidade tem mobilizado pesquisadores e despertado surpresa e orgulho entre moradores, que voltam a encontrar nas ararajubas uma referência da memória ecológica local.

Melhorias

O projeto ganhou novo impulso em abril de 2024, quando o Ideflor-Bio e a Fundação Lymington firmaram um Termo de Colaboração que viabilizou a ampliação das estruturas do aviário, a criação de novos espaços de educação ambiental e a instalação de equipamentos interativos para os visitantes. As melhorias reforçaram o papel do Utinga como centro de referência na conservação da espécie e aproximaram o público do processo científico de reintrodução das ararajubas.

Para o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, o resultado é um exemplo de como o trabalho contínuo gera impactos duradouros. “O sucesso desse programa mostra que restaurar espécies ameaçadas é possível quando ciência e compromisso caminham juntos. As ararajubas voltaram para ficar, e cada ave libertada representa uma vitória para o Pará, para a Amazônia e para o futuro da conservação”, destacou.

O diretor de Biodiversidade da instituição, Crisomar Lobato, reforça que essa não é apenas uma ação ambiental, mas também educativa. “A ararajuba é um símbolo da Amazônia e do Brasil. Quando ela volta a ser vista livre, desperta identidade, pertencimento e responsabilidade. É uma espécie que ensina, que conecta as pessoas ao que estamos protegendo”, afirmou.

A Fundação Lymington, parceira desde o início do projeto, também destacou a importância da nova fase. Segundo o biólogo Marcelo Vilarta, que acompanha o preparo das aves, o objetivo é fortalecer a população já estabelecida, com indivíduos que passaram por treinamento de voo e adaptação a frutos nativos. “Essa soltura reforça a população e reduz o risco de extinção local. O próximo grupo seguirá o mesmo processo antes de voltar à liberdade”, afirmou.