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‘A gente quer mobilizar 1,3 trilhão de dólares para países em desenvolvimento’, diz CEO da COP 30

Em coletiva antes da abertura do Congresso Sustentável CEBDS 2025, Ana Toni e Marina Grossi destacam papel do Brasil e do setor empresarial na implementação da agenda climática global.

Jéssica Nascimento

Na manhã desta terça-feira (1º), o Teatro Estação Gasômetro, em Belém (PA), foi palco de uma coletiva de imprensa com a CEO da COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), Ana Toni, e a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi. A conversa com jornalistas aconteceu pouco antes da abertura oficial do Congresso Sustentável CEBDS 2025 e antecipou as principais diretrizes que o Brasil pretende apresentar na Conferência do Clima da ONU, que ocorrerá em novembro, também na capital paraense.

Ao Grupo Liberal, Ana Toni revelou que uma das principais metas da presidência da COP 30 é, em colaboração com a COP 29, elaborar um relatório que apresente estratégias para mobilizar 1,3 trilhão de dólares destinados a apoiar os países em desenvolvimento na transição para economias de baixo carbono. Parte desse investimento seria voltado ao Brasil.

COP 30: hora de acelerar a implementação

Ana Toni destacou que esta edição da conferência será marcada pela aceleração da implementação das metas climáticas, após o encerramento das negociações do chamado “livro de regras” do Acordo de Paris. "Agora é o momento de transformar promessas em ação. Quem está na linha de frente dessa implementação são os governos subnacionais e o setor privado", afirmou.

Uma das metas mais ambiciosas da presidência da COP 30 é apresentar, em parceria com a COP 29, um relatório sobre como mobilizar 1,3 trilhão de dólares para apoiar países em desenvolvimento na transição para economias de baixo carbono. “Esse é um dos grandes compromissos que vamos levar ao mundo. Não dá para fazer transição energética e preservar florestas sem financiamento robusto e justo”, defendeu Toni.

Ela também ressaltou a importância simbólica e estratégica de sediar o evento na Amazônia. “Queremos mostrar que preservar a floresta e desenvolver a bioeconomia são partes centrais do combate às mudanças climáticas”, disse, mencionando iniciativas como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e novos mecanismos de mercado de carbono voltados para a regeneração ambiental.

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Soluções empresariais em destaque

Marina Grossi, presidente do CEBDS e enviada especial do setor empresarial à COP 30, enfatizou a contribuição concreta das empresas brasileiras na agenda climática. Segundo ela, o Congresso reúne 65 soluções escaláveis que demonstram como o Brasil pode liderar com exemplos práticos em áreas como agricultura sustentável, reflorestamento e transporte limpo.

Grossi alertou, no entanto, que o acesso a financiamento ainda é um gargalo: “Apenas 16% dos recursos globais para mitigação e adaptação vão para os países em desenvolvimento. Isso precisa mudar. O Brasil tem as soluções e pode fazê-las com custos mais baixos, mas precisa de parceria internacional”, afirmou.

Ela também apresentou as coalizões temáticas organizadas pelo CEBDS em áreas estratégicas, como minerais críticos, agricultura, floresta e, especialmente, transportes.

“No caso dos transportes, três ações — biocombustíveis, eletrificação e mudança de matriz modal — cobrem 70% do potencial de redução de emissões até 2050. Isso mostra o caminho”, pontuou.

Sustentabilidade como estratégia de negócio

Marina Grossi ressaltou que a sustentabilidade já deixou de ser um tema secundário para o setor privado. 

“Hoje, 91% dos CEOs no mundo dizem que mantiveram ou aumentaram os investimentos em transição ecológica. Aqui no Brasil, 90% dos líderes afirmam que seguem investindo voluntariamente. Isso mostra que sustentabilidade virou sinônimo de competitividade e resiliência”, afirmou.

A dirigente destacou que o Congresso Sustentável funciona como um "esquenta" da COP 30, a 132 dias da conferência, e busca ampliar a articulação entre o setor empresarial e o poder público. 

“Essa integração é fundamental para que o Brasil chegue unido e forte à COP. E Belém, como sede, tem tudo para ser o símbolo global dessa virada”, concluiu.