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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Primeiro dia da Cúpula dos Líderes em Belém: entre alertas globais e o desafio da Amazônia

Rodolfo Marques

O alerta do António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em discurso inaugurando a Cúpula dos Líderes em Belém, Pará, resulta ao mesmo tempo assustador e potencialmente catalisador. Guterres declarou que o mundo “fracassou” em sua meta de limitar o aquecimento a 1,5 °C e acusou que os combustíveis fósseis continuam subsidiados, enquanto muitas empresas lucram com a devastação ambiental. Essa argumentação, dita “às vésperas” da COP30, aterra em solo amazônico com o peso simbólico de quem coloca a região que regula o clima global como palco do debate.

Ao trazer a COP30 para Belém, sob o governo Lula, o Brasil não apenas assume o protagonismo diplomático, mas coloca sob os holofotes os riscos e as oportunidades
da Amazônia como elemento central da política climática global.

A “COP da verdade”, como o próprio presidente da República definiu, expõe que a emergência ambiental já deixou de ser tema abstrato para virar questão de soberania, economia e identidade nacional. O secretário-geral da ONU não apenas apontou falhas globais; cobrou ação imediata e transparência. A mensagem é clara: não há mais tempo para adiamentos ou para que metas sejam meramente decorativas. E quando esse recado é dado em Belém, é também um chamado à realidade local: à floresta, às comunidades tradicionais e às economias regionais que estão no epicentro dessa virada. O Brasil, por sua vez, tem papel duplo: tanto como anfitrião que deve demonstrar competência, quanto como ator que precisa converter discurso em execução.

E essa tensão se materializa no lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) pelo Brasil na COP30. O mecanismo, com expectativas de mobilizar recursos públicos e privados para remunerar países que mantêm suas florestas em pé, já atingiu aportes iniciais de US$ 5,5 bilhões, com destaque para Noruega, Indonésia e França. É uma inovação financeira, ao representar um modelo de investimento estrutural que reconhece o valor dos serviços ambientais.

Porém, o modelo também aponta para desafios concretos que Lula e o Brasil terão de enfrentar. Mobilizar bilhões em promessas é uma coisa; garantir que o instrumento seja robusto, transparente, justo e que vá além da retórica, é outra completamente distinta. A Amazônia, então, deixa de ser apenas tema de imagem e se transforma em um espaço de governança climática e financeira.

A combinação do discurso de Guterres com a iniciativa do TFFF e a realização da COP30 em Belém cria uma agenda política para o Brasil que transcende o debate ambiental tradicional. O alerta da ONU, emerge, portanto, como um ultimato: o tempo do “depois” acabou. A COP30 em Belém simboliza um ponto de inflexão histórico, em que o Brasil
e o mundo precisam provar que são capazes de agir com a urgência que a crise climática impõe. Transformar palavras em políticas, fundos em resultados e intenções
em impacto concreto é o maior desafio desta geração. 

A Amazônia, palco e protagonista desse esforço global, não pode mais ser vista como fronteira a ser explorada, mas como bússola de um futuro possível — um futuro que, sem ação imediata e corajosa, pode simplesmente deixar de existir.

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