Eleições presidenciais 2022 e o caráter plebiscitário Rodolfo Marques 19.08.22 18h00 Entre todas as características que compõem o pleito presidencial de 2022, o aspecto plebiscitário é uma das mais proeminentes. Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), que assumiu o cargo em janeiro de 2019, busca reeleição. Ele teve uma vitória contundente em 2018, com quase 58 milhões de votos e então filiado ao PSL. O seu principal adversário nesse objetivo é o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT). Lula comandou o país entre 2003 e 2006 e entre 2007 e 2010 e encerrou seu segundo mandato com popularidade próxima a 90%. Entre 2017 e 2020, Lula sofreu condenações e ficou 580 dias preso, em Curitiba. Ele se tornou, novamente, elegível, elegível por decisão do Supremo Tribunal Federal-STF, após anulação de condenações, em 2021. Desde então, ele lidera as pesquisas de intenção de voto. Esse favoritismo, aliás, mantém-se em todas os levantamentos feitos na primeira quinzena de agosto de 2022. Com essa disputa ímpar entre um presidente/candidato à reeleição e um ex-presidente que teve ótima avaliação no último mandato, a ideia plebiscitária emerge de forma ainda mais efetiva. Vale lembrar que a emenda que dá direito a chefes do poder executivo, no Brasil (presidente, governador e prefeito), a concorrer a um mandato consecutivo foi aprovada no ano de 1997. Desde então, no âmbito federal, todos os presidentes que buscaram a reeleição conseguiram êxito – Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998; Lula, em 2006; e Dilma Rousseff (PT), em 2014. A campanha de Jair Bolsonaro vem emulando, constantemente, nas falas públicas do próprio presidente, o fato de que o governo dele foi melhor que as gestões petistas e que seus ministros seriam mais capacitados. O antipetismo, aliás, faz-se sempre presente. Bolsonaro costuma associar o seu principal adversário a países como Venezuela e Argentina, e tenta, mesmo que mais discretamente, manter uma bandeira anticorrupção. O atual presidente investe na pauta de costumes e em uma permanente guerra ideológica. Durante o governo Bolsonaro, surgiram alguns casos de possível prática da corrupção – como os das vacinas Covaxin e do MEC, além das ligações da família Bolsonaro com Fabrício Queiroz – , mas a maior parte das investigações não avançou. Pesam contra o presidente e a favor da candidatura de Lula a gestão desastrosa de Bolsonaro em relação à pandemia de Covid-19 – atraso na compra de vacinas, números muito altos de internações e mortes e negacionismo –, a crise econômica derivada do período pandêmico, a volta dos números altos da fome e a má atuação em setores-chave da administração federal, como o meio ambiente, por exemplo. Um dado importante para a presente discussão foi levantado pelo Instituto Quaest, na pesquisa divulgada em 17 de agosto: 45% temem a permanência de Bolsonaro por mais 4 anos, enquanto 40% têm medo da volta do PT ao governo. São dados que precisam ser considerados, assim como as impressões dos eleitores sobre o governo Bolsonaro e a respeito da PEC dos Benefícios. Dessa forma, em uma país cada vez mais polarizado e com o início da campanha eleitoral no último dia 16 de agosto, mais uma vez o eleitor brasileiro vai escolher entre a continuidade de um projeto – e o aprofundamento de suas características – e uma mudança de trajetória, com a premissa de retomar algumas conquistas de outro momento histórico. Respostas concretas teremos a partir do final da tarde do dia 02 de outubro de 2022. As cartas (ou a maior parte delas) estão na mesa. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas rodolfo marques eleições presidenciais plebiscito brasil COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09