Eleições municipais 2022 entram em pauta no país, enquanto covid-19 continua amedrontando as pessoas Rodolfo Marques 17.07.20 18h00 No cenário brasileiro observado no início do segundo semestre de 2020, após quatro meses de crise sistêmica gerada a partir do descontrole da Covid-19, observam-se, ao mesmo tempo, a preocupação com os efeitos da pandemia e o cálculo pragmático para as eleições municipais deste ano. O Brasil ultrapassou os 2 milhões de casos e se aproxima das 80.000 mortes, mas a maioria dos estados realiza a reabertura das atividades econômicas e sociais e já há um entendimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o país atingiu o seu “platô” – mesmo que os índices apontem a média aproximada de 1.000 mortes diárias. O Brasil precisa exercer mecanismos para controlar a pandemia – algo que não apresentou até o momento. Embora se busque alguma sensação de “normalidade” em várias regiões metropolitanas do Brasil, o temor e insegurança diante da Covid-19 ainda atingem milhões de pessoas, que optam em permanecerem em distanciamento social. No âmbito político, percebem-se movimentos muito claros do presidente Jair Bolsonaro (sem partido/RJ). Mesmo sem ter viabilizado completamente sua agremiação partidária – a “Aliança pelo Brasil” –, Bolsonaro visualiza nas eleições municipais um momento importante para testar sua popularidade e emplacar o máximo possível de prefeitos que possam apoiá-lo, com vistas ao pleito de 2020, em que vai tentar a reeleição. Em paralelo a isso, até mesmo para garantir sua sobrevivência política e afastar a possibilidade de impeachment – processo que, no atual contexto, apresenta-se improvável –, Bolsonaro vem cedendo espaço para políticos e partidos do Centrão, com a concessão de cargos, mudanças em lideranças e alianças políticas. O presidente recorre à chamada “velha política”, satanizada por ele, em termos de discurso, no pleito de 2018. O governo federal também busca a ampliação da base social, junto às populações mais carentes. A ampliação do número de parcelas a serem pagas do Auxílio Emergencial e a possibilidade de aprovação do programa “Renda Brasil” compõem essa estratégia dos núcleos político e econômico do governo Bolsonaro. Por outro lado, os partidos de oposição ao governo – em especial os alinhados ideologicamente à esquerda ou ao chamado campo progressista – continuam desarticulados, tanto para as eleições de 2020, quanto em termos de projeções para 2022. Há uma briga sobre a hegemonia deste bloco de oposições e várias lideranças disputam o espaço que, historicamente, foi ocupado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), através de seu principal líder, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Essa desarticulação fragiliza agremiações partidárias com o próprio PT, o PSOL, o PCdoB, o PDT e o PSB, enquanto partidos do centro e da direita políticas parecem mais organizados – a despeito também de existirem outros níveis de dissensos. No Pará, enquanto se convive com uma expansão da covid-19 pelo interior do estado e um relativo controle da pandemia na região metropolitana, a corrida eleitoral começa a permear os debates e gera uma rearticulação dos grupos políticos, em especial em municípios mais relevantes, como Belém, Ananindeua, Santarém, Marabá, Castanhal, Altamira e Itaituba. O desempenho de gestores públicos em relação ao combate à pandemia deverá ser um dos pontos de debate na campanha. Cabe a nós, cientistas políticos, buscar interpretações dos cenários e avaliar as variáveis postas à mesa dentro dos contextos partidário, eleitoral e social. E o contexto atual aposta uma “convivência” maior com a covid-19, mesmo com os números cada vez piores, ao mesmo tempo que as forças políticas se reorganizam para as eleições municipais e para a formação de blocos de poder. Em política, mais do que o wishful thinking de quaisquer grupos políticos e/ou análises, devem predominar a percepção de realidade e a abordagem crítica. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave rodolfo marques COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09