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Eleições 2022: Lula, pré-candidato do PT, fará mudanças em sua estratégia de comunicação política?

Rodolfo Marques

O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), que governou o país entre 2003 e 2006 e entre 2007 e 2010, voltou a ser elegível em 2021 e, desde então, passou a liderar todas as pesquisas de intenção de voto para o pleito presidencial de 2022, inclusive à frente do atual presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

Em todos os levantamentos realizados na segunda semana de abril, como os do XP-IPESPE e da Genial/Quest, percebe-se uma distância ainda relativamente confortável de Lula na liderança, da mesma forma que confirmam um incremento de popularidade de Bolsonaro – assim como de suas intenções de voto.

O atual cenário eleitoral também começa a considerar a saída de Sérgio Moro (União Brasil) da disputa pelo Planalto, após sua conturbada saída do “Podemos”, no final de março. Simultaneamente, João Dória Júnior (PSDB) deixou o governo do São Paulo e enfrenta vários problemas internos em sua agremiação partidária para seguir com o projeto presidencial. Assim, o projeto de uma terceira via unificada fica, por ora, fragilizado. Ciro Gomes (PDT), continua “parado” entre 7 e 9% das intenções de voto.

Um dado que tem se repetido em praticamente todas as pesquisas neste ano é a questão de um aparente “teto” do pré-candidato do PT. Embora vença em todas as simulações de segundo turno, com índices entre 55% e 60% dos votos, no primeiro turno, Lula está estagnado entre 42 e 46% das intenções de voto nas pesquisas estimuladas. Neste sentido, será que a pré-campanha de Lula indicará algumas mudanças na sua estratégia de comunicação política?

O ex-presidente tem feito algumas declarações polêmicas – e que geraram muitas controvérsias –, como por exemplo sobre a questão do aborto, e que gerou uma posterior retratação e retificação. Lula também falou sobre protestos contra deputados, a respeito do comportamento das elites brasileiras e sobre o consumo da classe média. O presidente Jair Bolsonaro e sua equipe de comunicação aproveitaram para usar as declarações do petista para criticá-lo, fomentando, novamente, uma pauta de costumes, além de retirar várias falas dos contextos originais.

Ainda no campo estratégico, na sexta-feira (08.04.2022), o PT oficializou, enfim, a pré-candidatura de Lula à chefia do Executivo Federal, e o PSB confirmou o nome do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como pré-candidato à vice-presidência, unindo na mesma chapa os principais opositores das eleições de 2006. Havia uma grande expectativa por parte das bases de apoio de Lula e de Alckmin para tais anúncios.

Na sua estratégia junto ao eleitor, inclusive nos programas partidários, Lula tem exaltado as conquistas dos governos do PT, em especial nos âmbitos social e econômico, e indica um futuro inspirado no passado. Há também acenos para o mercado, com proposições de uma nova perspectiva macroeconômica. Certamente, haverá alguma versão similar ao documento elaborado em 2002, quando da primeira vitória eleitoral do candidato petista – a chamada “Carta ao Povo Brasileiro”.

O fato concreto é que a candidatura da chapa Lula-Alckmin, para vencer Bolsonaro, precisará avançar no campo da comunicação política, assim como no contexto da apresentação de um programa de governo que possa apresentar soluções para os problemas mais evidentes no dia-a-dia de muitos brasileiros, como a inflação, o desemprego, a fome e os “gargalos” da saúde e da educação no país.

Rodolfo Marques