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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Eleições 2022: espiral do silêncio, voto amedrontado e voto envergonhado?

Rodolfo Marques

Com a proximidade das eleições 2022, volta à agenda pública a temática do voto em si, com algumas ramificações. Entram em pauta, novamente, a espiral do silêncio, o voto “envergonhado” e o voto “amedrontado”.

Nos anos 1960 e 1970, a socióloga e cientista política Elizabeth Noelle-Neuman desenvolveu uma visão própria sobre comunicação e opinião pública – a teoria da espiral do silêncio. De acordo com a percepção da autora, vários indivíduos omitem suas próprias opiniões quando estas são conflitantes em relação à opinião dominante. Essa omissão amenizaria – ou evitaria – alijamentos, críticas ou gozações de uma determinada comunidade. Em essência, por essa visão, quando uma visão é vista como majoritária – ou hegemônica –, as pessoas poderiam ter maior espaço ou predisposição para se manifestar, ao passo que os indivíduos que possuem opinião minoritária tenderiam a ficar calados.

Tal perspectiva pode ser associada à decisão do voto. Nesse contexto, dois termos que emergiram nos debates a respeito das eleições são os do “voto envergonhado” e do “voto amedrontado”. Seria possível, de fato, os eleitores deixariam de emitir sua preferência por medo ou por vergonha? Como a escolha é individual e secreta, o eleitor pode manifestar seu voto diante da urna eletrônica e, em tese, “esquecer” quaisquer tipos de pressões sociais.

Pensando especificamente sobre o pleito presidencial, seria possível aferir esses fenômenos junto a eleitores dos dois principais favoritos – o ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL)? As pesquisas tentam captar todos os movimentos e tendências, mas, por óbvio, sempre há uma margem para que se especulem “subnotificações”, em que o eleitor não revele sua escolha para os responsáveis pelos levantamentos. Sobre medo, aliás, o instituto Quaest já faz um levantamento sobre os percentuais de medo em relação à volta do PT e em relação à continuidade de Bolsonaro.

Tal sensação de insegurança é fomentada também pelo ambiente de intolerância política que vem sendo observado, com vários registros de violência durante a campanha eleitoral. Muitos eleitores, além de não responder de forma assertiva às sondagens feitas por institutos de pesquisas, podem evitar fazer uso de roupas e de adereços com cores alusivos às candidaturas de Lula e Bolsonaro, exatamente para evitar novos conflitos. Esse cenário pode impactar, também, em outra variável relevante: a abstenção.

Por ora, todas as principais pesquisas presidenciais (IPEC, Datafolha e Genial/Quaest) indicam dois cenários: uma vitória de Lula no primeiro turno ou um segundo turno entre o candidato do PT e o presidente Bolsonaro, com favoritismo do ex-presidente.

Assim, boa parte das dúvidas a respeito da presença – e da intensidade – do voto envergonhado, do voto amedrontado e da espiral do silêncio será sanada com a abertura das urnas, no final da tarde e na noite do dia 02 de outubro.

Como o eleitor brasileiro vai efetivamente se comportar no dia do pleito talvez seja o maior de todos os desafios para os profissionais da Ciência Política e do Jornalismo neste ano de 2022.

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