Eleições 2022: espiral do silêncio, voto amedrontado e voto envergonhado? Rodolfo Marques 23.09.22 18h00 Com a proximidade das eleições 2022, volta à agenda pública a temática do voto em si, com algumas ramificações. Entram em pauta, novamente, a espiral do silêncio, o voto “envergonhado” e o voto “amedrontado”. Nos anos 1960 e 1970, a socióloga e cientista política Elizabeth Noelle-Neuman desenvolveu uma visão própria sobre comunicação e opinião pública – a teoria da espiral do silêncio. De acordo com a percepção da autora, vários indivíduos omitem suas próprias opiniões quando estas são conflitantes em relação à opinião dominante. Essa omissão amenizaria – ou evitaria – alijamentos, críticas ou gozações de uma determinada comunidade. Em essência, por essa visão, quando uma visão é vista como majoritária – ou hegemônica –, as pessoas poderiam ter maior espaço ou predisposição para se manifestar, ao passo que os indivíduos que possuem opinião minoritária tenderiam a ficar calados. Tal perspectiva pode ser associada à decisão do voto. Nesse contexto, dois termos que emergiram nos debates a respeito das eleições são os do “voto envergonhado” e do “voto amedrontado”. Seria possível, de fato, os eleitores deixariam de emitir sua preferência por medo ou por vergonha? Como a escolha é individual e secreta, o eleitor pode manifestar seu voto diante da urna eletrônica e, em tese, “esquecer” quaisquer tipos de pressões sociais. Pensando especificamente sobre o pleito presidencial, seria possível aferir esses fenômenos junto a eleitores dos dois principais favoritos – o ex-presidente Lula (PT) e o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL)? As pesquisas tentam captar todos os movimentos e tendências, mas, por óbvio, sempre há uma margem para que se especulem “subnotificações”, em que o eleitor não revele sua escolha para os responsáveis pelos levantamentos. Sobre medo, aliás, o instituto Quaest já faz um levantamento sobre os percentuais de medo em relação à volta do PT e em relação à continuidade de Bolsonaro. Tal sensação de insegurança é fomentada também pelo ambiente de intolerância política que vem sendo observado, com vários registros de violência durante a campanha eleitoral. Muitos eleitores, além de não responder de forma assertiva às sondagens feitas por institutos de pesquisas, podem evitar fazer uso de roupas e de adereços com cores alusivos às candidaturas de Lula e Bolsonaro, exatamente para evitar novos conflitos. Esse cenário pode impactar, também, em outra variável relevante: a abstenção. Por ora, todas as principais pesquisas presidenciais (IPEC, Datafolha e Genial/Quaest) indicam dois cenários: uma vitória de Lula no primeiro turno ou um segundo turno entre o candidato do PT e o presidente Bolsonaro, com favoritismo do ex-presidente. Assim, boa parte das dúvidas a respeito da presença – e da intensidade – do voto envergonhado, do voto amedrontado e da espiral do silêncio será sanada com a abertura das urnas, no final da tarde e na noite do dia 02 de outubro. Como o eleitor brasileiro vai efetivamente se comportar no dia do pleito talvez seja o maior de todos os desafios para os profissionais da Ciência Política e do Jornalismo neste ano de 2022. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave rodolfo marques COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09