COP-30 na Amazônia: ponto de virada ou palco de promessas adiadas? Rodolfo Marques 09.11.25 9h00 A realização da COP 30, em Belém-PA, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, assume um simbolismo que vai além das negociações climáticas: é uma convocação para que o mundo entenda que esta conferência se faz às margens de uma das maiores florestas tropicais do planeta. Aqui, a urgência é mais do que retórica, pois a floresta amazônica exerce papel estratégico na regulação climática global, na biodiversidade e na estabilidade dos regimes hídricos. Colocar a COP neste cenário significa trazer o combate às mudanças climáticas para o “lugar da verdade”, como sugere o presidente da conferência, André Corrêa do Lago. Convém lembrar que as COPs sempre enfrentam o dilema fundamental entre ambição e realidade: o discurso geralmente avança mais rápido que a implementação, pois os Estados são limitados por interesses domésticos, custos políticos e especializações setoriais. Portanto, o que está em jogo agora, com a COP-30, é elevar o instrumental à ambição compatível com a crise. Na Amazônia, essa dinâmica ganha contornos mais delicados. O desmatamento, as queimadas não só ameaçam o bioma em si, mas reverberam globalmente, alterando padrões de carbono, de chuva e de evapotranspiração. A escolha de Belém como sede significa que a agenda climática não se limita ao gás carbônico ou a fontes alternativas de energia, mas cruza a floresta em pé e o que ela representa para a estabilidade climática planetária. Há também os aspectos diplomático e de soft power: sediar a COP na Amazônia concede ao Brasil uma plataforma relevante para projetar liderança climática, simultaneamente exigindo que demonstre coerência entre discurso e prática. A conferência pode funcionar como catalisador para investimentos em preservação florestal, mecanismos de financiamento climático, créditos de carbono e inovação sustentável na região norte. Mas esse potencial só se concretiza se houver estrutura institucional, transparência e compromisso de longo prazo. Também é preciso destacar ainda que a COP-30 tem a chance de redefinir como vemos a articulação entre ação climática e justiça ambiental. A Amazônia abriga populações tradicionais, comunidades indígenas e uma diversidade global. A conferência tende a abrir diálogo entre preservação, desenvolvimento e dignidade humana. Por fim, cabe à nossa reflexão: sediar a COP-30 na Amazônia é oportunidade histórica. A pergunta que fica é: vamos aproveitar esta conferência para consolidar uma virada estrutural na política climática global e na proteção da Amazônia? Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞 Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas rodolfo marques COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES cop da amazônia Belém assume o palco global: legado, ciência e urgência na abertura da COP-30 10.11.25 18h00 Rodolfo Marques COP-30 na Amazônia: ponto de virada ou palco de promessas adiadas? 09.11.25 9h00 cop da amazônia Cúpula dos Líderes fecha com promessas amplas: os discursos se converterão em ações? 07.11.25 18h00 cop da amazônia Primeiro dia da Cúpula dos Líderes em Belém: entre alertas globais e o desafio da Amazônia 06.11.25 18h00