Brasil precisa de maturidade para lidar com crises institucionais e avançar no modelo democrático Rodolfo Marques 29.05.20 18h00 Em um desenho institucional republicano, sempre é importante perceber o funcionamento dos organismos deliberativos e os de controle, no sentido de se buscar os freios e contrapesos, fundamentais para uma democracia sustentada e saudável. Nas democracias dos tipos liberal e representativa, como a brasileira, alguns dos principais indicadores a serem percebidos estão ligados aos processos eleitorais por sufrágio universal, à autonomia dos três poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) e à divisão de responsabilidades entre União, estados e municípios – o chamado pacto federativo, além da liberdade de expressão, prevista na Carta Magna de 1988. Crises institucionais compõem, ciclicamente, a história das nações republicanas, ainda mais quando fatores externos interferem no equilíbrio previsto no modelo de Montesquieu, em “O Espírito das Leis”¹. Todavia, é necessário que os gestores públicos consigam contornar as possíveis divergências através do diálogo e na observância da própria “liturgia” de seus respectivos cargos e funções a serem executadas. No caso da crise brasileira, que se dá principalmente a partir da esfera federal, os poderes Legislativo e Judiciário indicam um funcionamento orgânico, ordenado e com o cumprimento de suas funções. Todavia, a balança do equilíbrio dos poderes vem enfrentando desafios, principalmente a partir das ações e posturas do chefe de governo brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido/RJ). Desde o início da gestão à frente do poder executivo federal, em janeiro de 2019, Bolsonaro demonstra uma postura “simpática” ao autoritarismo e de conflitos com boa parte dos veículos de comunicação, com o Parlamento, com órgãos classistas como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e com outros grupos sociais. Aliás, nos conflitos mais recentes com o Supremo Tribunal Federal e com os governadores – em especial, em virtude da covid-19 –, o presidente da República vem flertando com a radicalização, de uma forma cada vez mais intensa. Nesse contexto, é sempre importante pensar que, em crises sistêmicas como a vivida em 2020 (nas esferas sanitária, econômica e política), a maturidade das autoridades públicas deve prevalecer, em especial em prol dos benefícios coletivos. Por óbvio, ações políticas e cálculos eleitorais são inerentes a alguns agentes públicos, mas, em muitos casos, é necessário recuar para se buscar a conciliação por um interesse maior – como o combate ao inimigo único que é a covid-19. ¹ Neste livro, no século XVIII, o Barão de Montesquieu apresenta o modelo da divisão dos poderes republicanos – Executivo, Legislativo e Judiciário, com funções independentes e em plena harmonia. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave rodolfo marques colunas política governo bolsonaro COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09