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RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Bolsonaro amplia ações para montar base no Congresso. Medidas são urgentes. Belém inicia lockdown

Rodolfo Marques

Mais uma semana se inicia e o Brasil continua “mergulhado” em grandes dificuldades em vários níveis. Além de viver uma crise sanitária inserida na pandemia global, o país apresenta graves problemas econômicos e distúrbios políticos, em sua maioria gerados a partir de desacertos na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido).

Com a saída de Luiz Henrique Mandetta da pasta da Saúde, em 16 de abril, e, principalmente, com o pedido de demissão de Sérgio Moro – então ministro da Justiça e da Segurança Pública –, em 24 de abril, o governo federal perdeu duas “vitrines” importantes no contexto político. Com a substituição de Mandetta por Nelson Teich, o governo causou uma instabilidade em relação ao isolamento social, principal orientação das autoridades da saúde para evitar a expansão da Covid-19. E a saída de Moro gerou um abalo nas estruturas do governo, que “vendia” um conceito de combate à corrupção e de moralidade. O ex-juiz federal era o principal símbolo dessa “bandeira”. Com sua saída e com as acusações graves feitas por ele ao presidente Bolsonaro, esse alicerce ideológico ficou fragilizado.

Em paralelo a esses fatos, Bolsonaro terá o desafio de articular sua base política, em especial dentro do Congresso Nacional, para aprovar algumas medidas emergenciais no combate à pandemia e, ao mesmo tempo, tentar afastar o risco de impeachment, palavra já comentada nos bastidores de Brasília com mais ênfase. Dado ilustrativo desse processo é a aproximação de Bolsonaro ao chamado “Centrão”, bloco de partidos no Congresso Nacional que é essencial para vitórias em votações no Parlamento. O Centrão, em geral, está associado ao fisiologismo político e a troca de favores por nomeações de cargos – comportamento que Bolsonaro, em discursos da campanha eleitoral, em 2018, repelia. Este cenário será um grande teste para a capacidade de aglutinação de forças a favor do governo federal.

No contexto econômico, o governo anunciou um conjunto de ações econômicas na quarta-feira (22.04.2020). Chamado de “Plano Marshall” brasileiro – e sem a participação da equipe econômica, o plano foi exibido pelo Chefe da Casa Civil, General Braga Neto, com verniz populista e com foco em uma tentativa de recuperação no pós-Covid-19, inclusive com investimentos em obras públicas e combate ao desemprego. A ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no anúncio e no planejamento da ação, reforça algumas divergências dentro do núcleo mais próximo ao presidente Bolsonaro. É importante lembrar que Guedes tem uma agenda de reformas e tem um alinhamento muito mais voltado para o liberalismo econômico, viés bem diferente do que o proposto pelo governo nas últimas semanas.

No âmbito regional, o Pará enfrenta o seu pior período da pandemia, com mais de 100 mortes e um total superior a 2 mil contaminados. A capital Belém, principal centro de expansão da doença, viu a decretação do lockdown por parte do prefeito municipal, Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), como uma medida urgente para começar a enfrentar a curva da doença. Estão mantidos apenas os serviços essenciais e o isolamento social deve se ampliar.

No geral, a crise deverá atingir ainda mais o país, pelo menos, pelas próximas seis a oito semanas, de maneira mais intensa. Como perspectivas, a expectativa para que o governo aplique políticas públicas de recuperação econômica e, para além do auxílio emergencial de R$ 600,00, busque ampliar as melhorias sociais para dar suporte à população mais carente e para as pequenas e médias empresas. Uma retomada da estabilidade política seria essencial para enfrentar esse grave momento sanitário e do sistema de saúde no Brasil.

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