Bolsonaro amplia ações para montar base no Congresso. Medidas são urgentes. Belém inicia lockdown Rodolfo Marques 27.04.20 18h00 Mais uma semana se inicia e o Brasil continua “mergulhado” em grandes dificuldades em vários níveis. Além de viver uma crise sanitária inserida na pandemia global, o país apresenta graves problemas econômicos e distúrbios políticos, em sua maioria gerados a partir de desacertos na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). Com a saída de Luiz Henrique Mandetta da pasta da Saúde, em 16 de abril, e, principalmente, com o pedido de demissão de Sérgio Moro – então ministro da Justiça e da Segurança Pública –, em 24 de abril, o governo federal perdeu duas “vitrines” importantes no contexto político. Com a substituição de Mandetta por Nelson Teich, o governo causou uma instabilidade em relação ao isolamento social, principal orientação das autoridades da saúde para evitar a expansão da Covid-19. E a saída de Moro gerou um abalo nas estruturas do governo, que “vendia” um conceito de combate à corrupção e de moralidade. O ex-juiz federal era o principal símbolo dessa “bandeira”. Com sua saída e com as acusações graves feitas por ele ao presidente Bolsonaro, esse alicerce ideológico ficou fragilizado. Em paralelo a esses fatos, Bolsonaro terá o desafio de articular sua base política, em especial dentro do Congresso Nacional, para aprovar algumas medidas emergenciais no combate à pandemia e, ao mesmo tempo, tentar afastar o risco de impeachment, palavra já comentada nos bastidores de Brasília com mais ênfase. Dado ilustrativo desse processo é a aproximação de Bolsonaro ao chamado “Centrão”, bloco de partidos no Congresso Nacional que é essencial para vitórias em votações no Parlamento. O Centrão, em geral, está associado ao fisiologismo político e a troca de favores por nomeações de cargos – comportamento que Bolsonaro, em discursos da campanha eleitoral, em 2018, repelia. Este cenário será um grande teste para a capacidade de aglutinação de forças a favor do governo federal. No contexto econômico, o governo anunciou um conjunto de ações econômicas na quarta-feira (22.04.2020). Chamado de “Plano Marshall” brasileiro – e sem a participação da equipe econômica, o plano foi exibido pelo Chefe da Casa Civil, General Braga Neto, com verniz populista e com foco em uma tentativa de recuperação no pós-Covid-19, inclusive com investimentos em obras públicas e combate ao desemprego. A ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no anúncio e no planejamento da ação, reforça algumas divergências dentro do núcleo mais próximo ao presidente Bolsonaro. É importante lembrar que Guedes tem uma agenda de reformas e tem um alinhamento muito mais voltado para o liberalismo econômico, viés bem diferente do que o proposto pelo governo nas últimas semanas. No âmbito regional, o Pará enfrenta o seu pior período da pandemia, com mais de 100 mortes e um total superior a 2 mil contaminados. A capital Belém, principal centro de expansão da doença, viu a decretação do lockdown por parte do prefeito municipal, Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), como uma medida urgente para começar a enfrentar a curva da doença. Estão mantidos apenas os serviços essenciais e o isolamento social deve se ampliar. No geral, a crise deverá atingir ainda mais o país, pelo menos, pelas próximas seis a oito semanas, de maneira mais intensa. Como perspectivas, a expectativa para que o governo aplique políticas públicas de recuperação econômica e, para além do auxílio emergencial de R$ 600,00, busque ampliar as melhorias sociais para dar suporte à população mais carente e para as pequenas e médias empresas. Uma retomada da estabilidade política seria essencial para enfrentar esse grave momento sanitário e do sistema de saúde no Brasil. Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱 Palavras-chave colunas coronavírus pandemia rodolfo marques política COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA Rodolfo Marques . Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo! Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é. Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos. Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado! ÚLTIMAS EM RODOLFO MARQUES Governo Lula precisa melhorar comunicação para seguir em frente 15.04.24 15h16 Rodolfo Marques 1964-2024: sessenta anos após golpe de Estado, Brasil avança para consolidar sua democracia 01.04.24 8h00 Rodolfo Marques Emmanuel Macron em Belém: relações políticas, acordos econômicos e simbolismos 29.03.24 20h30 Rodolfo Marques Novos movimentos e cartas sendo colocadas à mesa na disputa pela Prefeitura de Belém 11.03.24 14h09