RODOLFO MARQUES

RODOLFO MARQUES

Rodolfo Silva Marques é professor de Graduação (UNAMA e FEAPA) e de Pós-Graduação Lato Sensu (UNAMA), doutor em Ciência Política (UFRGS), mestre em Ciência Política (UFPA), MBA em Marketing (FGV) e servidor público.

Belém, no centro das discussões ambientais: Cúpula dos Líderes tem início

Rodolfo Marques

A capital do Pará, Belém, transforma-se esta semana no centro das atenções do mundo com a realização da Cúpula dos Líderes da COP30, nos dias 06 e 07 de novembro de 2025. A reunião, que antecede a conferência oficial de 2026, reúne chefes de Estado e de governo para discutir compromissos concretos no enfrentamento da crise climática. É um momento simbólico e estratégico, além de ser uma vitrine para o Brasil. Sob o olhar atento da comunidade internacional, o país tenta mostrar que é ator decisivo na construção de um novo pacto ambiental global.

O grande protagonista deste enredo é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Desde o início de seu terceiro mandato, Lula tem buscado recolocar o Brasil no mapa das negociações climáticas, após anos de afastamento diplomático. Suas posições públicas reforçam a defesa da Amazônia e da proposta de criação do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). O fundo, estimado em até US$ 10 bilhões, é apresentado como instrumento de financiamento permanente para proteger biomas e apoiar comunidades tradicionais. Trata-se de uma cartada diplomática de alto impacto.

Ao propor um novo modelo de financiamento climático, Lula tenta ocupar um espaço que, historicamente, foi dominado por potências do Norte Global. O gesto não é apenas ambiental, mas geopolítico: sinaliza que o Sul Global pode liderar soluções sustentáveis sem depender da tutela das nações ricas. Nesse sentido, o Brasil se coloca como voz de mediação entre economias desenvolvidas e emergentes, ampliando seu capital político no tabuleiro internacional. É a “diplomacia da floresta” em ação, combinando narrativa ambiental com estratégia de influência.

Contudo, o protagonismo de Lula também enfrenta desafios internos. O país ainda convive com desmatamento elevado, pressões do agronegócio e contradições na agenda energética. Nesse equilíbrio delicado, o carisma de Lula pode não bastar: será preciso entregar resultados.

No cenário internacional, a Cúpula de Belém também serve como teste para a capacidade do Brasil de construir consensos em um mundo fragmentado. Entre florestas e oceanos, transição energética e financiamento climático, a agenda é ampla, com interesses, diversos. Lula aposta na diplomacia da empatia, na retórica da solidariedade e na defesa da justiça climática. A questão é se isso será suficiente para transformar promessas em compromissos, e compromissos em ações efetivas. Em outras palavras: é possível converter capital simbólico em transformação real?

É inegável que o Brasil voltou ao centro do debate global sobre o clima. A presença de dezenas de líderes em Belém é prova disso. Ainda assim, a imagem internacional construída com tanto esforço pode se dissolver se o país não avançar na prática. A ambição é alta: transformar a Amazônia no epicentro de uma economia sustentável, com o Brasil como modelo e mediador.

A Cúpula dos Líderes da COP30 marca um divisor de águas para o Brasil. Mais do que palco de discursos, Belém se torna símbolo de um país que busca reconciliar desenvolvimento e sustentabilidade. O desafio agora é transformar a retórica da esperança em ações concretas – e provar que a diplomacia verde pode, de fato, inaugurar uma nova era para o planeta e para a Amazônia.

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