Belém assume o palco global: legado, ciência e urgência na abertura da COP-30
Na manhã desta segunda-feira (10), na cerimônia de abertura da COP30, em Belém-PA, tomou corpo o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “COP da verdade”. Em suas palavras, o mundo poderá, finalmente, “conhecer a realidade da Amazônia”, pois o evento ocorre no coração da floresta e não apenas como uma abstração distante.
Ao direcionar uma mensagem direta aos países em conflito, Lula afirmou que “é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para acabar com o problema climático do que colocar US$ 2,7 trilhões para fazer guerra”, numa clara crítica aos desvios de recursos que poderiam alimentar a agenda ambiental global . Afirmou ainda que a crise climática já não é ameaça futura, mas tragédia presente, citando os tornados no Paraná e que a aceleração da ação é urgente.
Em outro momento de seu discurso, Lula destacou que o maior legado da COP-30 será entregue à população de Belém: “Quando vocês deixarem Belém, o povo da cidade permanecerá com os investimentos e a infraestrutura que foram feitos aqui para receber vocês”. Segundo ele, o bioma abriga cerca de 50 milhões de pessoas, incluindo aproximadamente 400 povos indígenas, espalhados por nove países em desenvolvimento. Essa ênfase no legado urbano e social para Belém conecta-se a uma estratégia mais ampla de infraestrutura e inclusão que antecede o evento.
Também na abertura do evento, o presidente da COP-30, André Corrêa do Lago, defendeu que essa edição seja marcada por soluções concretas, adaptação e geração de empregos: “Essa é uma COP que vai ouvir e acreditar na ciência”, afirmou. Ele reforçou que a conferência não deve ficar em promessas, mas sim “ser lembrada como uma COP de adaptação”.
Ao analisar esse início, fica claro que a COP-30 é um marco para a Amazônia, para o Brasil e para o planeta. A escolha de Belém, no Pará, como sede, transmite um recado ambicioso: a crise climática exige protagonismo dos territórios vulneráveis, integração entre ciência, política e comunidades tradicionais, e legados que ultrapassem a duração do evento. A cidade assume o papel de palco no qual se decide que tipo de futuro queremos.
Neste contexto, cabe refletir sobre o que vem a seguir: serão estas promessas e discursos concretizados em ações transformadoras, ou novamente dependeremos de metas adiadas e exceções simbólicas? A verdadeira medida estará na capacidade de converter investimento, diálogo científico e participação popular em mudanças que mudem o curso da crise climática.
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