O valor que ninguém pode roubar
Há dias em que somos surpreendidos por palavras duras, comentários injustos ou atitudes que ferem de maneira silenciosa. Muitas vezes, sem perceber, carregamos isso para dentro de nós e começamos a questionar: será que o problema sou eu? A verdade é que, quase sempre, não é. O comportamento do outro é reflexo das dores, frustrações, medos e limites que ele carrega dentro de si. Mas, ainda assim, acabamos permitindo que esses gestos abalem nossa confiança e distorçam a forma como nos enxergamos.
O perigo está exatamente aí: quando deixamos que as atitudes alheias definam a forma como nos vemos, damos um poder que não deveria ser de ninguém. Uma palavra maldosa pode ecoar por anos dentro de nós se não for colocada no lugar certo: no espaço de quem a disse, e não em nossa identidade.
Você não é a grosseria recebida em um momento de raiva. Você não é a rejeição de alguém incapaz de oferecer carinho. Você não é a indiferença de quem nunca soube reconhecer valor no outro. Você é a soma de suas escolhas, da sua história, da sua capacidade de superar. Nenhuma opinião passageira deveria ser capaz de rasurar isso.
O que muitos não percebem é que comportamentos tóxicos não só machucam, mas também nos empurram a reações impulsivas. Palavras que diminuem, críticas sem base ou atitudes de desprezo podem nos levar a decisões das quais nos arrependemos depois: cortar laços importantes de forma abrupta, desistir de algo que amávamos, sabotar oportunidades únicas, ou até devolver uma ferida na mesma intensidade, criando um ciclo difícil de quebrar. São movimentos que, muitas vezes, não têm volta.
É por isso que precisamos aprender a respirar antes de reagir. A lembrar que aquilo que o outro faz ou diz fala muito mais sobre ele do que sobre nós. Quando uma pessoa decide diminuir alguém, geralmente está tentando aliviar o próprio peso interno. Quando alguém é incapaz de reconhecer, é porque ainda não aprendeu a enxergar nem a si mesmo. Quando alguém fere, é porque carrega feridas abertas.
O seu valor não pode estar nas mãos de terceiros. Se você coloca sua identidade sob julgamento constante do olhar alheio, viverá em eterna oscilação: ora se sentindo grande, ora pequeno, ora capaz, ora insuficiente. Mas quando compreende que seu valor é único e inegociável, você cria uma espécie de blindagem: as palavras até chegam, mas não encontram onde se instalar.
Isso não significa frieza, mas maturidade. Não significa indiferença, mas consciência. Não significa não se importar, mas escolher em que vale a pena colocar energia. Nem toda provocação merece resposta. Nem toda crítica merece espaço na sua mente. Nem todo comportamento merece eco dentro de você.
Não permita que o comportamento do outro faça você duvidar de quem é. Não permita que palavras frustradas se tornem verdades na sua vida. Não permita que atitudes tóxicas minem sua essência. E, acima de tudo, não dê a ninguém o poder de adoecer sua alma. Porque seu valor não é negociável, e quem você é não pode ser definido pela visão limitada de quem escolheu não enxergar.
PATRÍCIA CAETANO
patymops@gmail.com
@PATYCCAETANO
Palavras-chave