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O grito do 'basta' que transforma vidas

Patrícia Caetano

Neste mês de agosto, a cor lilás se destaca, e a mídia nos confronta diariamente com notícias dolorosas sobre violência e feminicídio. A triste realidade dos casos que se multiplicam, de mulheres que perdem suas vidas ou são brutalmente agredidas, serve como um lembrete cruel de que a luta está longe de acabar. Essas histórias, que preenchem as manchetes, são o reflexo mais trágico de uma cultura que, por muito tempo, nos ensinou a nos calar. No entanto, o Agosto Lilás existe para nos lembrar de que a mudança começa com uma única palavra: "Basta". Essa palavra, que ecoa de dentro para fora, não é um sinal de fraqueza, mas o início de uma revolução pessoal, a fagulha que acende um novo caminho em nossas vidas.

Por muito tempo, fomos ensinadas a aguentar, a ter paciência, a suportar o insuportável em nome do amor, da família ou da estabilidade. Acreditamos na narrativa de que o amor exige sacrifício e que a mulher forte é aquela que se cala, que releva, que "tenta mais um pouco". No entanto, o verdadeiro amor constrói, não destrói. Ele eleva, não diminui. E, acima de tudo, o amor saudável não vive de migalhas de afeto, mas de respeito mútuo. A violência contra a mulher raramente se manifesta de uma vez. Ela se insinua de forma sutil em diversos ambientes: no trabalho, em relacionamentos, em círculos sociais e até mesmo em família. Começa com um comentário depreciativo, um controle disfarçado de cuidado ou uma manipulação emocional que te faz duvidar da sua própria sanidade. E é nesse ponto que a nossa voz interior, aquela que nos avisa que algo não está certo, começa a ser silenciada. É aí que o nosso "Basta" se torna um grito mudo.

Quando você vive com medo, com o coração acelerado e com a sensação de estar sempre pisando em ovos, a sua mente e o seu corpo enviam sinais de alerta. A ansiedade se torna a sua companheira, a autoestima se esvai e você se torna uma sombra de quem um dia foi. Isso não é um estado de espírito, é um estado de alerta. E o alerta é um chamado para a ação. Dizer "Basta" é o ato mais corajoso que você pode fazer por si mesma. É a declaração de que você não aceita mais migalhas de afeto e que você merece um amor inteiro, que te nutra e não te esgote. É a manifestação de que a sua paz interior é inegociável e que o respeito é a base de qualquer relacionamento, seja ele pessoal ou profissional.

Sei que dar esse passo pode ser assustador. O medo do desconhecido, o receio da solidão e a preocupação com o julgamento alheio podem ser paralisantes. Mas, eu te garanto, continuar em uma situação que te destrói é muito mais perigoso do que a incerteza do recomeço. O "Basta" é a porta que se abre para um mundo de possibilidades, onde você pode, finalmente, ser a protagonista da sua própria história. O Agosto Lilás existe para nos lembrar de que você não está sozinha. Existem redes de apoio, profissionais capacitados e outras mulheres que, assim como você, decidiram dizer "Basta" e hoje vivem uma vida plena e feliz. Se você se identificou com alguma parte deste texto, saiba que o primeiro passo para a mudança é reconhecer que a situação em que você está vivendo não é normal e que você merece mais.

Diga "Basta" para a violência, para a manipulação, para a submissão. Diga "Basta" para o medo e a culpa. E diga "sim" para a liberdade, para o amor-próprio e para a reconstrução da sua vida. O "Basta" não é o fim, é o começo de uma nova jornada, onde você será a única responsável pela sua felicidade. O "Basta" é a voz que te liberta. E neste mês de agosto, quero que você encontre a sua. Lembre-se, mulher, você é um ser único e especial. Você não nasceu para suportar dor, mas para ser amada, cuidada e respeitada em sua totalidade. Sua vida tem um valor imensurável, e a alegria e a paz são seus direitos. Aceite-se, cuide-se e permita-se ser feliz.

PATRICIA CAETANO

patymops@gmail.com

@patyccaetano