O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Uma tríade filosófica para a busca de um sentido especial da vida

Océlio de Morais

No livro "Todas as Parábolas da Bíblia", o teólogo calvinista e escritor brasileiro Hermisten Maia  e o biblista e escritor britânico Herbert Lockyer fazem um compilado do que seriam as cerca de 250 parábolas na Bíblia Sagrada. E na obra  "Compreendendo Todas as Parábolas de Jesus",  Klyne Snodgrass, escritor e teólogo americano, apresenta uma análise exegética das parábolas usadas  por Jesus.

No entanto, não existe consenso universal acerca da quantidade de parábolas e metáforas usadas por Jesus, porque faltaria uma precisão científica nas catalogações, visto que também poderiam ser incluídas outras expressões linguísticas,  conforme o critério de cada exegeta ou linguista. 

Independente da falta de consenso, ouso  dizer que Jesus foi o maior e mais relevante  filósofo das parábolas e das metáforas de todos os tempos – parábolas e  metáforas que, podem observar com muita atenção,  mostram  e atestam que somente um  sábio fora de série poderia ensinar com propriedade  inquestionável sobre a pequenez e a grandeza da humanidade com a sua crise ético-moral, vista na perspectiva da revelação do Reino de Deus.

As parábolas e as metáforas  filosófica de Jesus abordan diversos temas, por ejemplo:  metáforas agrícolas (Semeador, Trigo e joio , Grão de mostarda , Semente que cresce sozinha, Videira e ramos, Figueira estéril , O lavrador e a vinha,  O dono da vinha e os trabalhadores, A colheita e os ceifeiros, Árvore e frutos); temática espiritual (Crescimento, Julgamento, Caridade, Perdão Autenticidade da fé); metáforas de animais (ovelhas perdidas, bom pastor,  ovelhas e lobos , Ovelhas e bodes, Galinha reunindo pintinhos, Peixe e pescaria).; metáforas econômicas:  (Tesouro escondido,  Pérola de grande valor, Servo impiedoso, Mordomo infiel, Ricos insensatos, Moedas entregues aos servos, operários da vinha);  metáforas escatológicas:  (Rede de peixes,  porteiro vigilante, Ladrão que chega de surpresa, Grande ceia com excluídos) e temas  sociais ( Bom samaritano,  Construtor da torre  e Rei que vai à guerra).

Se considerarmos o ideário mais comum dos tempos atuais acerca do objeto finalístico da filosofia – contribuir ao pensamento crítico  sobre o senso comum e ao desenvolvimento  da sabedoria como um dos sentidos especiais da vida   –   e quando tomamos conhecimento das parábolas e metáforas de Jesus, é perceptível a sua semeadura filosófica para todo o humanismo que adota como princípio real a proteção da dignidade humana .

Se Jesus tivesse vivido nos séculos XIX e XX, época da explosão do existencialismo filosófico, dir-se-ia  que Ele teria sido um deles, à medida que suas metáforas e parábolas falam  da verdadeira liberdade (“a verdade vos libertará “(João 8:32), da responsabilidade pessoal (parábola dos talentos, Mateus 25:14-30), da nobreza moral, onde chama a humanidade para galar uma identidade superior   (metáfora “sal da terra”, “luz do mundo, Mateus, 5: 13-16).

Haveria uma tríade filosófica mais perfeita do que esta – verdade libertadora, responsabilidade ética e nobreza moral  –  como guia filosófico para a busca de um sentido especial da vida?  Sinceramente, penso que!  Essas parábolas e metáforas não foram usadas  inutilmente, à toa, sem motivo ou aleatoriamente.  

Elas tinham um alvo certo: a moral humana inferior e quase primitiva,  traduzidas em  escolhas e ações que levavam à  corrupção das virtudes – corrupção  que gera e  conecta outros problemas graves. 

Ilustra-se com dois exemplos: um,  o que adverte sobre as consequências espirituais do abuso no exercício da função ou do poder, que  é assim relatado  por Mateus (16:26 ): “Do que vale ao homem ter todo o poder sobre o mundo inteiro, se perder a sua alma?”.  O sentido filosófico é bem claro: o poder corrompido (que estimula a prepotência) , o dinheiro sujo (que leva à usura)  e a fama supérflua (que leva à soberba) podem  levar  à perda do  verdadeiro sentido da vida (o qual deve ser essencialmente espiritual).  A perda  da alma, por outras palavras,  pode ser dito assim: a corrupção das virtudes aprisiona a alma no cinzel do sistema corrompido e a redenção  somente será possível  pela  abertura da mente do coração à verdade que liberdade.

Outro exemplo está descrito   em Mateus (capítulo 23, versículos 27-32),  relativo a  metáfora do “sepulcro caiado” , cujo sentido filosófico é a  reflexão sobre a coerência e aparência do “Ser” humano.: “Ai de vós , mestres da lei e fariseus, hipócritas” Vós sois como sepulcros caiados: bonitos por fora,  mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície”.

"Hipócritas e sepulcros caiados" – embora tenha sido dirigida aos mestres da lei e fariseus – nesta  metáfora filosófica,  Jesus atingiu outro alvo: a consciência humana, portanto, e novamente,  reflete sobre valores éticos:  qual era o valor ético dos mestres da lei e fariseus?  Num portiguês bem claro e direto, a filosofia de vida de Jesus não admitiu (e a mensagem persiste para todo  o sempre  da existência humana),  a corrupção das virtudes,  traduzida na hipocrisia da justiça aparente  que escondia as verdadeiras intenções,  também escondendo “todo tipo de imundície” interior. A mensagem filosófica, que é simples aos dias atuais,  poderia ser compreendida assim: a hipocrisia é uma narrativa ideológica manipuladora  bem contada, mas  o seu fundo de verdade inexistente acoberta  todo tipo de corrupção das viertudes.

A filosofia de Jesus nessas parábolas e metáforas, sobre o cotidiano das pessoas de sua época , mostra que o problema humano – aqui tomado na condição ontológica do Ser (a existência  e a essência)  –  reside  nas falsas escolhas  ou nas escolhas erradas, que mantém as pessoas cegas  à verdade que liberta,  algo típico da alma aprisionada à escuridão da ignorância .

ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram

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Océlio de Morais
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