O.J.C. MORAIS

OCÉLIO DE JESÚS C. MORAIS

PhD em Direitos Humanos e Democracia pelo IGC da Faculdade de Direito Coimbra; Doutor em Direito Social (PUC/SP) e Mestre em Direito Constitucional (UFPA); Idealizador-fundador e 1º presidente da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social (Cad. 01); Acadêmico perpétuo da Academia Paraense de Letras (Cad. 08), da Academia Paraense de Letras Jurídicas (Cad. 18) e da Academia Paranaense de Jornalismo (Cad. 29) e escritor amazônida. Contato com o escritor pelo Instagram: @oceliojcmorais.escritor

Orquestra da alma

Océlio de Morais

Um dos prazeres da alma é a música. Queiram ou não admitir. Ela oferece uma leveza diferente e indescritível  ao espírito, especialmente  quando fechamos os olhos e deixamos a melodia entrar por todos os poros para elevar as ondas do pensamento ao ponto mais alto que desejar ir. 

Gosto do jazz e das composições clássicas. Na sinestesia da melodia destas, gosto de ler. O estilo daquele é mais aprazível com um bom vinho italiano ou português, numa roda de bons amigos com boa conversa cultural. 

Quando ouvi Wolfgang Amadeus Mozart  (nascido  a 27 de janeiro de 1756), pela primeira vez, foi por acaso, e nem tinha ideia daquele gênero musical. 

Foi no início da primeira década de 1970, na casa paroquial dos frades franciscanos em Monte Alegre, nascida como Gurupatuba, a terra-mãe desses índios, descoberta  em 1639, pela expedição do capitão portuiguês  Pedro Teixeira, época do reinado do monarca João IV (O Restaurador), e durante o pontificado do  Papa Urbano VIII (1623 a 1644), por isso catequizada pelos frades Capuchos de São José da mesma ordem Franciscana dos Padres da Piedade.

Um excerto: a aldeia Gurupatuba passou à categoria de Vila  Monte Alegre em 1758,  porque Francisco Xavier de Mendonça Furtado - o todo poderoso capitão general do Exército e administrador colonial português, irmão de Marquês de Pombal (ministro do Reino) e do cardeal Paulo Antônio Carvalho, inquisidor-mor da época - quis trazer para além-mar o nome da pequena Vila homônima do Norte de Portugal, integrante do Distrito de Vila Real, fundada em 1273. Fecho o excerto.

Quando ouvi Mozart pela primeira vez,  não sabia de sua prodigalidade: aos cinco anos já tocava piano e aos oito anos (em 1774) já havia composto a primeira música  (a Sinfonia nº 1), encantando a realeza europeia; tampouco  sabia que, ironicamente, o famoso “réquiem em ré menor” (uma missa fúnebre), encomendado à época por um anônimo, foi concluído por seus discípulos e tocada pela primeira vez cinco dias após a morte do compositor (10.12.1791),  numa missa em Viena  em homenagem ao próprio Mozart. 

O Conde  Franz von Walsegg - a biografia de Mozart assim registra -  foi o anônimo que  havia encomendado o réquiem, mas até hoje não se sabe  ao certo se Antonio Salieri, o italiano compositor oficial da corte de José II, arquiduque da Áustria, tinha ou não inveja do talento musical de Mozart. 

Bom, quero dizer que escrevo essa crônica ouvindo The Best of Mozart. São mais ou menos 06;00 ou 06:30 da manhã, deste domingo (13/02),  hora que os pássaros acordam aqui neste bairro verde da cidade. 

E ao fundo, de modo suave ouço seus gorjeios,  que se propagam no vácuo e chegam em ondas sonoras aos meus ouvidos como alegres  saudações por mais um dia que a maravilhosa e incrível harmonia do Universo nos oferece de graça.

Os gorjeios se misturam às músicas clássicas, porque o céu amazônico da bucólica Belém do Pará está limpidamente alviceleste e também porque estou com a janela aberta, com vista à copa das mangueiras e  das samaumeiras da belíssima praça Batista Campos (construída no estilo arquitetônico francês do século XIX, com coretos e cursos d'água), habitat natural das garças amazônicas. 

Seria surreal. Mas, de repente, fiquei imaginando como seria um concerto musical numa chácara ou cabana no meio da natureza, em pleno bosque e, ao mesmo tempo, ouvir o canto sedutor dos pássaros.

 As  “vozes” dos pássaros  justapostas às  "vozes" clássicas -  levadas e regidas pela sibilação do vento suave até o coração da alma e ao coração da floresta - seriam a perfeita orquestra da (e para a)  alma humana. 

E, quem sabe, teríamos um pouco do Éden: as duas almas (humana e da floresta) voltariam a ser harmônicas, assim como era no princípio da criação e o “homem, a quem foi dado o domínio sobre todas as coisas”, passaria a “encher a Terra” com mais versos e vozes musicais  propagadoras do  amor.

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ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma (Océlio de Jesus Carneiro Morais (CARNEIRO M, Océlio de Jesus) e respectiva fonte de publicação.

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