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Jesus, o filósofo: os cinco princípios bases da sua filosofia

Océlio de Morais

Eu gosto dos três cavaleiros da ética – Sócrates, Platão e Aristóteles – os principais filósofos clássicos que adotaram como elo comum a verdade como conhecimento fundamental para a compreensão da realidade humana, por meio da razão, embora cada qual com fundamentos específicos. Neles, e na vida deles, a ética é o núcleo da filosofia e a filosofia era um método de investigação da realidade.

Mas também gosto muito dos teólogos e filósofos cristãos Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino, aquele, mais influenciado pelo idealismo racional platônico e, este, pelo aristotelismo que organiza e explica a realidade empírica.

 A dupla de Deus do período medieval – Agostinho de Hipona viveu no tempo na denominada Antiguidade Tardia e no início da baixa Idade Média e Tomás de Aquino,  durante a Alta Idade Média – períodos marcados pela transição do mundo romano à ampliação das sociedades cristianizadas e notadamente pela gradativa construção dos alicerces políticos, econômicos e religiosos da Europa medieval. Esses dois arautos da verdade cristã – pelos princípios teológicos da fé e da razão –  apresentam   Deus como a verdade suprema. 

Escolhi essas referências filosóficas e teológicas para iniciar a série “Jesus, o filósofo”, porque – na minha perspectiva filosófica (a vida humana perde a qualidade sem os valores éticos da liberdade consciente, da dignidade humana e da justiça) e teológica (sem elevação espiritual, inexistem a verdadeira liberdade, a verdadeira dignidade humana e a verdadeira justiça, porque tais verdades são iluminadas pela fé em Deus) – eles alinharam antes e depois de Jesus as bases filosóficas que fizeram o pensamento humano evoluir, a partir das virtudes éticas.

Jesus e seus preciosos ensinamentos são apresentados e difundidos ao mundo na perspectiva teológica: o Filho unigênito de Deus encarnado (único gerado), o Messias que – ao anunciar o novo Reino baseado nos dois mandamentos máximos (Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo) – também propagou à humanidade que o amor, a verdade libertadora e a caridade são os principais valores humanos, tendo dado o exemplo como a sua própria crucificação e ressurreição (espiritual) redentoras.

Decidi escrever essa série por algumas razões bem específicas, mas também especiais: uma delas, porque tenho notado que, cada vez mais entre os jovens e até mesmo entre adultos, parece que a língua trava ou fica presa quando a questão é falar, defender e propagar os ensinamentos espirituais de Jesus. 

Existe uma espécie de vergonha generalizada nas individualidades, enquanto que, nas relações sociais, um certo tipo de visão disruptiva de quem foi Jesus e de seus ensinamentos. Claramente, a língua é mais livre ao falar de ideologias – das várias ideologias que se contrapõem à natureza divina de Jesus como Deus-filho -profeta. 

Alguns pensadores apresentam Jesus como filósofo: o filosofo americano Dallas Willard, nos textos “Jesus the Philosopher” e “Jesus the Logician”, mostrou Jesus como o maior pensador moral da história; já Will Durant, também filósofo, historiador e escritor americano, na obra “A História da Filosofia”, descreve Jesus como um mestre da ética e da moral e, para o historiador e teólogo irlandês-americano John Dominic Crossan, na obra Jesus: Uma Biografia Revolucionária, considera Jesus como filósofo social (ou do igualitarismo radical) crítico das estruturas de poder.

Neste primeiro artigo, também quero apresentar – como passos preparatórios  à série – os cinco principais pilares filosóficos do pensamento de Jesus, a partir da referência bíblica: (1) Ética do amor e da compaixão (partes de toda ação ética); (2) Princípio da responsabilidade pessoal e do autodesenvolvimento (sobre a eticidade humana); (3) Princípio da humildade como reconhecimento da Própria fragilidade (consciência honesta das próprias limitações); (4) Princípio das escolas essenciais (prioridade do essencial e o desapego do supérfluo;) e, (5) Princípio da vida ética como base da transformação moral (coerência ética como exemplo concreto ao semelhante).

No livro “Vamos pensar como um estoico”, o escritor   Ken Mogi – o autor do bestSeller internacional “Ikigai” – desafia o leitor a compreender pensar e viver as virtudes, tomando conceitos básicos do estoicismo relativos  às virtudes cardeais: sabedoria, justiça, coragem e temperança para a aplicação, nos tempos atuais, na vida cotidiana.

Como eu disse: eu gosto da filosofia de Sócrates, Platão, Aristóteles, Agostinho de Hipona e de Tomás de Aquino. Mas eu gosto mais, e muito mais mesmo, da filosofia de Jesus. Por isso, com a série Jesus, o filósofo “espero contribuir com reflexões acerca das premissas filosóficas de Jesus para o nosso dia a dia com o melhor dos melhores propósitos possíveis – aqui faço a paráfrase à obra “Vamos pensar como um estoico” – para fazer o convite ao leitor: Vamos pensar como Jesus. Então, apresentou ao leitor a série “Jesus, o filósofo”. 

 

ATENÇÃO: Em  observância à Lei  9.610/98, todas as crônicas, artigos e ensaios desta coluna podem ser utilizados para fins estritamente acadêmicos, desde que citado o autor, na seguinte forma: MORAIS, O.J.C.;  Instagram: oceliojcmoraisescritor