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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Uma questão de saúde

Linomar Bahia
Soaram contraditórias duas notícias sobre duas das doenças que mais afligem os brasileiros: uma, sobre a volta do programa “Mais Médicos”, como se fosse a única cura para os tantos enfermos e, a outra, uma trava no saneamento básico, considerado fundamental para a saúde no País. Entre as duas, a formação dos profissionais, que padeceria da falta de exame de proficiência semelhante ao exigido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para a advocacia, cada vez mais rigoroso para suprir a proliferação de maus cursos. Pretendem acrescentar às 314 faculdades de Medicina em funcionamento, outros 225 cursos, dependentes de aprovação e ampliação de vagas nos já existentes, ao que se opõem os órgãos de defesa da profissão e da saúde pública. Pleitos formulados ao governo propõem a suspensão de novos cursos e reavaliação dos existentes face as carências nacionais, particularmente fora dos médios e grandes centros, quando 90% deles estão em locais sem leitos e outros meios indispensáveis a tratamentos.

Registros oficiais apontam mais de 100 milhões de brasileiros, ou quase metade da população, sem sistemas de esgotos tratados, deixando as pessoas à mercê dos males provocados pelos poluentes lançados rios e valas. Acrescem a essa grave realidade outros 30 milhões de habitantes que os levantamentos registram não disporem de água tratada, compondo uma dupla danosa à saúde pública, entre as tragédias nacionais que estão na raiz de todos os problemas sanitários de todas as cidades brasileiras.
 
Enquanto se questionam a legislação saneadora, também entra em discussão a falta da atenção devida para qualidade da prática médica como fonte de vida. Recentes exames informais de capacitação de voluntários recém-formados, revelaram que mais da metade padecia de deficiências técnicas para o desempenho da profissão, transformando em risco em lugar de cura. Há, ainda, outras questões fundamentais para reverter o quadro de doenças e suas repercussões econômicas e sociais.
 
Localidades mais necessitadas carecem de recursos de apoio paramédico aos diagnósticos e tratamentos, limitando e até inviabilizando procedimentos curativos. A isso se somam as condições insalubres em que as pessoas vivem, expostas a todo tipo de enfermidades, tratadas com paliativos. São situações que somente mais médicos e falta de saneamento continuarão sendo
impossíveis de resolver, aumentando cada vez mais as filas de vitimados pelo drama das valas fétidas e da água impura.

Não há como prever avanços significativos para a superação das questões sanitárias nacionais, enquanto as resistências políticas e corporativas continuarem impedindo a solução adequada, que passa pela privatização dos sistemas de água e esgoto para todos, exigindo recursos de que os governos não dispõem. Enquanto isso, continuarão causando as doenças que vitimam metade dos brasileiros e dificultam que a medicina possa cumprir sua função humanitária de curar pessoas e salvar vidas.

Linomar Bahia é jornalista e escritor
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