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LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Freio de arrumação

Linomar Bahia

Nada virada do ano, os balanços dos ganhos e perdas de 2020 deixaram rastros dolorosos pelas vidas perdidas na pandemia, e preocupantes pelo que podem sinalizar em maus presságios para os tempos seguintes, no contexto nacional, pouco percebido por uns e até alarmantes para os mais atentos aos sinais que emitem.  Têm sido fatos e falácias que se propagam, alguns disfarçados em nuvens de fumaça, numa a sequência de episódios, protagonizados principalmente pelos indisfarçáveis descontentes com o resultado da eleição presidencial de 2018 e multiplicados em todas as formas e canais de contestação e rejeição aos vencedores.

Há um nervosismo, talvez observado somente em momentos de insurreição popular, expostos em demonstrações de desrespeito à ordem e à lei, atingindo instituições e seus membros, outrora até idolatrados. Vimos a hostilização de ministros do STF nas ruas e em pleno, a Corte Suprema acusada publicamente deter sido transformada em partido, com militantes, facções e disputas, internas comuns em agremiações políticas e grêmios estudantis, bate-boca ao vivo entre jornalistas da mesma emissora, na comparação sobre aglomerações mais perigosas para o contágio pelo covide-19, se nas superlotações dos transportes públicos, ou nas praias a céu aberto. 

Mais significativa, ainda, foi a manifestação do ministro Edson Fachin, expressada no prefácio de um livro, alertando que a democracia está em “estado de alerta”, com candidatos desrespeitando o resultado das urnas, "flagrantes sintomas” de exclusão social, racismo, milícias armadas, "privatização indevida" de setores públicos, violação a direitos humanos práticas homofóbicas e ausência de políticas públicas sobre educação e saúde sexual reprodutiva. Registros assim, aparentemente desconexos, permitem, entretanto, refletir sobre o momento brasileiro, marcado pela radicalização de posições e intolerância generalizada, exacerbadas pela pandemia.

Ensina a sabedoria popular que "para o bom entendedor, meia palavra basta", havendo quem lembre aos observadores do comportamento humano e da cena em cartaz, que basta “ler o que está escrito nos muros”, expostas à visão, ao entendimento e à reflexão sobre o que dizem as palavras. O aviador-escritor francês Antoine de Saint-Exupéry deixou ao trato dos que o leram, o pensamento segundo o qual " Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos". Só não lê quem não presta atenção até aos atos e palavras que escondem os pensamentos, sensíveis aos sussurros e movimentos dos corpos que falam mais do que dizem.

Está faltando um "freio de arrumação", aquele “tranco” para reacomodar passageiros nos transportes públicos sempre lotados. Como escrevi em artigo publicado em 29.03.2020, estão faltando líderes com os predicados que os tornem os novos Roosevelt e Churchill, pela serenidade em situações até mais graves das guerras e recessões econômicas, pelo que, também, se tornaram referências históricas. No Brasil, ao contrário, faltam homens e palavras dotados de envergadura moral e consequente respeitabilidade, operem como algodão entre cristais e evitem elevar uma temperatura política e social em perceptível e ebulição.

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