LINOMAR BAHIA

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Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

“Alea jacta est”

Linomar Bahia

Belém vai sediar em novembro de 2025 a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP, da qual será a de número 30. Vai suceder as nove anteriores, com vários desafios, a começar pela capacidade de organização, disponibilidades financeiras e operacionais das sedes passadas, onde as estruturas e as condições culturais já eram favoráveis. Ao contrário, na capital paraense está tudo praticamente por fazer, requerendo um esforço quase sobrenatural para oferecer aos milhares de visitantes uma imagem positiva, particularmente naqueles itens referentes ao meio-ambiente, onde reside nosso maior pecado. Ou transmitir ao mundo referências negativas difíceis de superar.

Está criada uma situação em que poucas vezes terá sentido em Belém e no Estado, sugerindo  a frase com que o guerreiro Júlio Cesar deu a voz de comando à sua legião na travessia do rio Rubicão na península itálica em janeiro de 49 antes de Cristo, arriscando o seu destino por contrariar ordens superiores. Assume características de que a sorte está lançada, sem retorno, ao encampar tão corajosa quanto arriscada empreitada. Constitui desafio à capacidade empreendedora dos governantes, sobretudo considerando que o prefeito que assumirá a responsabilidade ainda será eleito um ano antes, enquanto o governador e o presidente estarão em campanha eleitoral às vésperas de concluírem os mandatos em 2026 seguinte.

São louváveis as boas intenções implícitas no pleito para sediar a conferência, com o propósito de utilizar a repercussão mundial para promover o potencial econômico do nosso Estado e da Amazônia. Mas é desanimador constatar que o Brasil não guarda boas recordações de empreendimentos do gênero a que se propôs em tempos recentes e foram pontuados por problemas estruturais e éticos. Tantos anos depois, continuam por acontecer as melhorias e os legados prometidos quando da Rio–92, das olimpíadas de 2016 e da Copa do Mundo de 2014. São obras inacabadas, projeções fracassadas e projetos que não saíram do papel, como a despoluição da Baía da Guanabara não efetuada, superfaturamentos e algumas prisões.

Em Belém, tudo está praticamente por fazer, implicando que terá de ser feito em dois anos quanto vem sendo relegado há décadas. Entre outras tarefas gigantescas, será preciso acrescentar aos 20 mil leitos de hotelaria de que se dispõe atualmente o quanto será necessário para hospedar uma frequência estimada em redor dos 100 mil participantes, considerando os números médios de participantes das COPs anteriores. Há, por exemplo, uma completa desordem urbana dependente de total repaginação, sérios entraves viários, favelização do centro e, o que é pior, graves problemas de saneamento básico, em que se inclui um lixão sem solução. Tudo quanto o sucesso poderá premiar a coragem e o risco assumidos. Ou, caso contrário, ...

 

Linomar Bahia é jornalista, escritor e membro das Academias de Letras, Jornalismo e Interiorana

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