LINOMAR BAHIA

LINOMAR BAHIA

Jornalista e radialista profissional. Exerceu as funções de repórter, redator e editor de jornais e revistas, locutor, apresentador e diretor de emissoras de rádio e televisão. Articulista dominical de O Liberal há mais de 10 anos e redator de memoriais, pronunciamentos e textos literários. | linomarbahiajor@gmail.com

Bode expiatório

Linoma Bahia
 
 
Comunicação voltou a ser uma das palavras mais citadas nos últimos dias, desta feita responsabilizada pela queda de popularidade presidencial. Está levando a culpa, embora não tenha a língua solta nem a inoportunidade verbal do verdadeiro responsável pelas fontes e causas que repercutem nas pesquisas, refletindo significativas frustrações de expectativas eleitorais. Tudo quanto teria que ter um “bode expiatório” que a comunicação costuma incorporar em tempos de crises, tal o legado do ritual da purificação no “Dia da Expiação” nos tempos bíblicos.
 
Com minha experiência de sete décadas de atuação em todos os veículos de comunicação e nos dois lados de assessorias de imprensa, entendo serem atribuídos a falhas de comunicação situações impróprias e/ou inoportunas criadas por terceiros, ao arrepio de recomendações de assessores ou vítimas de “concordinos”. Contrariam princípios básicos da arte de comunicar que comparam, por exemplo, comunicar como se expor ao sol, na hora certa e pelo tempo certo para não se queimar, ou com o uso de medicamentos, na dosagem certa para curar e não matar.
 
Abelardo Barbosa, celebrizado pela televisão com o pseudônimo de “Chacrinha”, usou e abusou do bordão “quem não se comunica, se trumbica”. Faltou complementar que o sucesso ou fracasso depende como for usada na hora, pelo tempo e na dose certa. Por mais paradoxal que pareça, comunicar pode ser até silenciar estrategicamente, a exemplo do avestruz que costuma enfiar a cabeça na areia até a tempestade passar. Exemplo de dosagem e tempo certos está na publicidade nos “outdoors”, as placas nas ruas que depois de 15 dias de exibição perdem a função.
 
Coube ao sociólogo canadense Marshall McLuhan, considerado da comunicação, que viveu entre os anos de 1911 e 1980 cunhar em sua obra “O meio é a mensagem”, publicado em 1964, a expressão surgida a partir do momento em que se propôs a analisar e explicar os fenômenos dos meios de comunicação e sua relação com a sociedade. Segundo ele, o meio tende a ser definido como transparente, inócuo, incapaz de determinar positivamente os conteúdos que veicula. Sugere que “o meio”, é tão significativo quanto a fidelidade imprimida ao conteúdo.
 
Conceituações filosóficas e terminologias técnicas sofrem desde o início das civilizações as variações e flexibilizações convenientes a circunstâncias e interesses políticos e ideológicos. As atualmente denominadas “fake news” já foram chamadas intrigas, mexericos, fofocas e balão de ensaio, publicações para sentir as reações da opinião pública a alguma coisa ou pessoa. Mas os dogmas e fundamentos da boa comunicação são eternos, resistindo a todas as formas e meios de manipulação, inclusive como bode expiatório para algum produto ruim que lhe queiram impingir.
 
 
Linomar Bahia é jornalista e escritor, membro da Academia Paraense de Letras, da Academia de Jornalismo e da Academia Literária Interiorana.
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Linomar Bahia
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