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JAMILLE SARATY

É advogada, mestre em Direito Civil pela Universidade de Coimbra, pós-graduada em proteção de menores pelo Centro de Família da Universidade de Coimbra, membro da diretoria do IBDFAM-PA, professora de graduação e pós-graduação em Direito. | jsaratyadv@gmail.com

Sou uma mãe divorciada, e agora?

Jamille Saraty

Quando eu era adolescente presenciei muitos casais que mantinham casamento de aparências por causa dos filhos. Eu, particularmente, nunca entendi (acho que já tinha uma veia familiarista em mim). Observar aquilo me deixava angustiada e com uma ânsia enorme. Passava horas pensando, “porque esta mulher tão alegre e bonita vive uma vida de mentira”?

 Homens negligenciavam esposas e filhos, mas continuavam na casa reinando como provedor.

Demorei para entender como o sistema funcionava. Mulheres dependentes financeiramente ou emocionalmente de homens, justiça machista, cheia de taxas, e demorada, muito demorada. O que acabava fazendo com que a mulher optasse por manter aquela situação, que por mais incômoda pudesse ser, ela já sabia como funcionava.

A velha história de achar conforto na dor.

Naquela época, as leis que amparavam mulheres e equilibravam direitos entre pais e mães eram muito novas e pouco aplicadas. Atualmente, nossa legislação já avançou muito. Lei Maria da Penha, divórcio direito, guarda compartilhada, entre outras, trouxeram uma proteção teórica ampliada às mães divorciadas. Entretanto, o machismo enraizado, ainda faz com que as mulheres, na prática, sejam as maiores prejudicadas, e o que não mudou de lá para cá, é que elas ainda continuam com medo.

Medo de perder a guarda dos filhos, medo de ser acusada de alienação parental, medo de ser punida ao encontrar outra pessoa, medo de não receber a pensão, medo de ter a casa invadida pelo ainda provedor (embora seja ex-marido), medo que a nova esposa dele corte ou diminua o valor da pensão.

A situação é tão crítica que são desencorajadas de procurar o judiciário.

Como vão sustentar os filhos? Serão responsáveis por filhos adoecidos por terem sido criados longe do pai? Sua solteirice não abalará a moral santificada que qualquer mãe precisa ter?

Tudo balela. A verdade é que tudo isso não passa de um grande discurso machista repetido até que nossa total dependência seja afirmada e reafirmada, nos tornando para sempre dependentes dos machos alfas.

Então, amiga, vou te contar um segredo:  O divórcio não lhe tira nada que é seu. Nem seus filhos, nem o seu patrimônio e muito menos a sua dignidade.

Já passou o tempo em que mulher separada não pode sair de casa para trabalhar, para namorar em virtude de seus filhos. Isso não é desabono e nem fator autorizador de afastamento entre mãe e filho. Já passou o tempo em que a mãe que alegasse precisar de pensão do ex-marido perderia a guarda das crianças por não ter condições financeiras de cuidar, já passou o tempo em que a mulher que pedia para se divorciar perdia o patrimônio construído ao longo do casamento.

Mãezinha, me escute! Com exceção de condutas que possam trazer perigo ao seu filho ou limitação de ordem objetiva, nada, absolutamente nada vai lhe afastar dele e muito menos concentrar todas as responsabilidades somente para você.

Você tem todo o direito. Não deixe de procurar e perseguir ele.

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Jamille Saraty
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