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Um chopp pra distrair

Mayara Domont

Destravem na memória as músicas de barzinho. Elas não passaram. Estão por aí vivas. Aquela dedilhada no violão, a MPB raiz que traz sentimentos e emoções.

As boates de 70, 80, 90 que eram disputadas com filas na antiga Tuna, Assembléia, Escápole, Kalamazoo, Gemini Drive mudaram para casas de show com festas EDM, Psytrance. As luzes da conhecida discoteca eram dos globos de luz coloridos. Hoje desenho de drones no céu.

Seja barzinho ou boate era rosto colado e a cantada ou flerte era certeiro.

Escutava-se a voz do par, ouvia-se a letra das canções. Famílias inteiras podiam curtir a mesma música.

A maior loucura era um trenzinho no meio da multidão ou aqueles passinhos ensaiados estilo John Travolta e Olívia Newton John.

Áureos tempos que pouco vivi, cheguei um pouco tarde, mas pai e mãe me contaram tudinho como era.

Atualmente festas com jovens usando fones de ouvido, sem contato físico, cada um escutando o que gosta. Não há nada em comum no gosto musical a não ser a vontade individual.

As festas em salão, músicas cantadas, dançadas e curtidas. As letras passeavam pelos lábios e tocavam o coração. Mãos e braços estavam atravessados ao corpo e não esticados para o alto com o smartphone na busca de uma foto que se quer vai ser revelada.

Um chopp distraia, uma conversa acalentava, um papo bom era o que bombava!

A conversa era sobre carros, discos lançados, economia, notícias do jornal.

Hoje tudo perpassa as redes sociais, as músicas cortadas em 15 segundos ficam famosas e nem foram escutadas na íntegra. Quando toca no rádio nem se reconhece a letra.

Escutar uma música inteira? Luxo para os grandes nomes da música brasileira e internacional. Pai e mãe ensinaram a alguns o valor de um barquinho que a tardinha sai. A geração de agora escutará as mesmas músicas da geração 80 e 90 por muitos anos. Mas, não se sabe se a geração de músicas de hoje será escutada pelas próximas gerações com a mesma frequência e apreciação.

Ritmos, letras, sonoridade confusa, talvez não deixem um legado musical. Ouvidos precisam ser educados.

A tecnologia tem seu grande valor ao resgatar e otimizar músicas consagradas que saíram da vitrola para o stream de música.

O hábito de escutar boa música se perdeu, os espaços reduziram na cidade. O som do barzinho agora se curti em casa, na sala, na sacada, no quintal.

O rádio ainda desperta nos ouvidos essa nostalgia, festas pontuais, flashbacks periódicos. Então sintonize na estação, limpe a poeira do coração, dance colado e reviva os bons tempos! O mundo não vai parar para você ser feliz! Viva!