O balcão virou!
“Seu Zé, me dá uma quarta de manteiga?!” Esse era o nosso pedido nas antigas tabernas e mercearias. Do bairro mais simples ao mais nobre, sempre tinha uma “vendinha” que tinha de tudo.
Elas ainda sobrevivem ao tempo, mas o seu Zé, hoje bem idoso com aquela caneta atrás da orelha para calcular o fiado do cliente, já está bem cansado.
O ambiente era de mortadela pendurada parede, uma balança e o caderninho que entregava todos os devedores do bairro. Imagina aquelas anotações sumirem? Seria um desespero.
Com o tempo, o balcão que tinha aquela caixa registradora, nas mercearias mais nobres, foi perdendo espaço para padarias e supermercados.
Lembro que na mercearia tinha desde pinça de sobrancelhas a desentupidor de pia, num metro quadrado onde se entrelaçavam muitos relacionamentos de vizinhança, amizade e parceria.
Era lá que o jogo passava na TV e a “pinga” no copinho esquentava os corações dos que torciam. A placa “fiado só amanhã” nem de longe era respeitada. Coração do seu Zé era grande até para o garotinho que dizia que pagava o bombom no outro dia.
De repente, o balcão foi reduzindo de tamanho, mudou de lugar e o limite entre cliente e dono da taberna foi reduzindo.
Os produtos saíram da parede e foram para as prateleiras. Balanças eletrônicas, checkout, maquininhas de cartão ganharam espaço.
As lojinhas, mercearias e tabernas perderam seus balcões e o seu Zé se reinventou e precisou de mais pessoas para trabalharem no ambiente que cresceu. Mas nem todos cresceram e evoluíram com a modernidade. Alguns foram extintos ou ainda resistem ao tempo.
A placa com letrinhas amarelas pra compor a tabela de preços e produtos foram substituídas por telas. Tudo se tornou moderno demais. Seu Zé teve que acompanhar a tecnologia e se viu refém da nova geração.
A geração do relacionamento, que deixava pro outro dia pra cobrar, que anotava o pedido no papel, se viu nesse maremoto de tecnologias e precisou se adequar.
Hoje, com o advento do WhatsApp, temos tudo na palma da mão, desde o catálogo de produtos, a cobrança digital e o link de pagamento à organização da lista de clientes. E lembrem que o seu Zé dava conta de tudo só no seu caderninho.
A mortadela bonita agora está numa foto composta com outros embutidos e não é mais servida com a pinga de brinde.
Para evoluir um pouco mais, agora temos os caixas inteligentes, onde não há operadores e nem o rapaz que ia buscar ver o preço pra você. Agora temos o leitor de código de barras... Só você e a máquina!
As xepas dos mercadinhos foram substituídas pelas promoções e ofertas dos aplicativos e supermercados. Tem terça da carne, quarta do hortifruti! Tudo para consumistas frequentarem todos os dias o supermercado. Na era das tabernas, se entretia e atraía os clientes com um bom papo, cerveja gelada e as fofocas do bairro.
Seu Zé teve três opções: se adequar à nova tecnologia, manter o padrão antigo e resistir, ou quem sabe ser o dono do mercado que tem todos os recursos tecnológicos.
E você aí?! Deve estar se perguntando como eu posso me inserir nessa realidade do digital?!
A evolução pode ser lenta, ou pode-se correr contra o tempo perdido e buscar-se auxílio para alcançar os avanços.
Corra! Mas a dica sempre será: se puder agregar a tecnologia ao relacionamento com o cliente, o sucesso é garantido e a fidelização também!
Nada substitui um bom papo com nossa clientela, o olho no olho! Se aliar os dois, fantástico!
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