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CINE NEWS

Por Marco Antônio Moreira

Coluna assinada pelo presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), membro-fundador da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) e membro da Academia Paraense de Ciências (APC). Doutor em Artes pelo PPGARTES/UFPA; Mestre em Artes pela UFPA. Professor de Cinema em várias instituições de ensino, coordenador-geral do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), crítico de cinema e pesquisador.

As salas de cinema de Rua de Belém

Marco Antonio Moreira

Lembrar-se das salas de cinema de uma cidade é um ato cultural que gera histórias de emoções sobre filmes, momentos, encontros e felicidades que envolveram aqueles que as frequentaram. As salas de cinema são referências de vidas e não representam somente cultura e arte, mas intensas lembranças pessoais que se renovam sempre que provocadas por algum cinemaníaco e cinéfilo. Mas, um ato cultural que procura ampliar históricos sobre a importância das salas de cinema deve-se lembrar dos cinemas de rua e do modo como estas salas de cinema funcionavam, antes de revolução tecnológica e comportamental que transformou diversos mercados/negócios em diferentes modelos financeiros para atender e criar novos e outros públicos, especialmente, a partir do final dos anos 1990.

Entendo que os cinemas de rua representam, entre outros significados, lugares de inclusão de diferentes públicos que tiveram acesso a sua programação. Em Belém,  pesquisas significativas sobre o assunto realizadas pelo mestre e crítico de cinema Pedro Veriano revelaram que nas primeiras décadas do século passado havia mais de 20 salas de cinema na cidade localizadas em distintos bairros. Desse modo, além do preço de ingresso acessível, estes cinemas de rua podem ser considerados pontos de encontro cultural e social por meio dos filmes exibidos.

O ritual de um cinema de rua apresentava características e dificuldades de funcionamento que, durante muito tempo, não se tornaram problemas para o público. O  importante era seguir a jornada cinéfila que se iniciava na saída para o cinema, a fila para comprar ingressos, a fila para entrar no cinema, a chegada à sala exibição, o contato visual com várias poltronas ocupadas (ou não) e, finalmente, olhar para a tela que, frequentemente, era de grande tamanho e que, de algum modo, hipnotizava o espectador independente de ter um filme projetado. A partir desse ritual inicial, era hora de esperar o filme começar. Algumas salas de cinema tinham uma cortina que se fechava no fim da sessão anterior e abria quando era hora do filme começa na sessão posterior. Agora, sim. O ritual inicial estava completo Era o momento de sentir/pensar um filme nestas salas que apresentavam muitos lugares em decorrência de uma época que o cinema não tinha forte concorrência da televisão. Os cinemas Palácio e Nazaré, por exemplo, ofereciam mais de mil lugares aos ávidos espectadores.

O tempo passou, os costumes mudaram, as concorrências audiovisuais chegaram e os cinemas procuraram outras configurações para existir/sobreviver com menos lugares para os espectadores, mais tecnologia e outras formas de produção fílmica. Mas é necessário prestar homenagem àqueles que acreditaram na força do cinema no setor de  exibição em nossa cidade como Joaquin Llopes (empresário espanhol que foi um dos primeiros exibidores do estado), empresa Cardoso & Lopes, empresa de Cinemas São Luiz Ltda., empresa Lívio Bruni S/A, empresa Cinema de Arte do Pará Ltda., entre outras empresas e empresários.

Em nome daqueles que acreditam no cinema como investimento e cultura e da nossa memória afetiva com a sétima arte e as salas de projeção que nos ajudaram a amar e procurar entender o cinema inclui neste artigo o nome de alguns cinemas que marcaram época como: Cine Politheama, Cine Odeon, Cine Palace Theatre, Cine Rio Branco, Cine Paris, Cine Riam. Cine Independência (Avenida Magalhaes Barata), Cine Brasilândia (Avenida Senador Lemos), Cine Pérola, Cine Popular, Cine Moderno (próximo a Avenida Nazaré), Cine Art Palácio (Cidade Velha), Cine São João, Cine Vitória (Avenida Pedro Miranda), Cine Universal (Cidade Velha), Cine Nazaré (Avenida Nazaré), Cine Iracema (Avenida Nazaré), Cine Palácio (Avenida Presidente Vargas), Cine Guajará (Base Naval), Cine Catalina (Base Aérea), Cine Guarani (Cidade Velha), Cinemas 01, 02 e 03 (Travessa São Pedro) e Cine Paraíso (Avenida Pedro Miranda).

Lembrar e cultivar a história dos cinemas de rua como menção de memórias e cultura de nossa cidade deve ser ato cultural consecutivo de todos que defendem o cinema como arte em evolução. Espero que o cine Olympia e cine Ópera, cinemas de rua ainda ativos em nossa cidade, permaneçam como símbolos de uma bela época e criem novas histórias e emoções para outras e novas gerações de cinemaníacos.

Agradeço ao mestre Pedro Veriano por ser minha fonte de pesquisa para este artigo por meio de dois livros fundamentais de sua autoria para a história do cinema no Pará: Cinema no Tucupi (1999) e Fazendo Fitas Memórias do Cinema Paraense (2006).

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