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Barry Lyndon e Um Estranho no Ninho: Clássicos completam 50 anos

Marco Antonio Moreira

Um dos sinais mais evidentes da passagem do tempo para quem ama o cinema é perceber há quanto tempo determinados filmes estrearam nas salas de exibição. Em 2025, obras lançadas em 1975 completam 50 anos de produção. Diante disso, é impossível não mencionar alguns títulos expressivos, estimulando o leitor a (re) descobri-los em diferentes plataformas audiovisuais.

Entre tantos filmes excepcionais de 1975, lembro imediatamente de Barry Lyndon de Stanley Kubrick. Trata-se de um filme absolutamente perfeito do ponto de vista estético e temático, no qual Kubrick cria imagens de grande força expressiva em cada cena, ambientadas no século XVIII. Acompanhamos a trajetória de Redmond Barry (Ryan O’Neal), um aventureiro irlandês que, após se envolver em um duelo, deixa sua cidade natal e inicia uma jornada marcada por descobertas e pela busca incessante de ascensão social a qualquer preço.

Em Barry Lyndon, Kubrick realiza uma de suas obras mais refinadas ao atingir um nível excepcional de precisão estética — fotografia, edição, iluminação e cenografia — para narrar a história de um personagem cujos erros e acertos revelam ambiguidades profundas. Essas escolhas conduzem Redmond Barry à solidão e ao abandono, como consequência de suas próprias decisões. Adaptando o romance de William Makepeace Thackeray, Kubrick constrói uma narrativa crítica e humanista sobre um personagem moldado por um meio social excludente, fruto de uma sociedade que amplia desigualdades e hierarquias sociais.

Ryan O’Neal e Marisa Berenson entregam aqui algumas de suas melhores atuações no cinema. Vale destacar ainda a trilha sonora adaptada a partir de composições clássicas, sob direção musical de Leonard Rosenman, e a extraordinária fotografia de John Alcott. Um filme monumental, que tive a felicidade de assistir em uma sala de cinema, com meu pai Alexandrino, onde sua grandiosidade estética se revela plenamente.

Outro filme fundamental de 1975 é Um Estranho no Ninho de Milos Forman. Com uma atuação histórica de Jack Nicholson, o filme acompanha Randle McMurphy, um criminoso rebelde que, para escapar dos trabalhos forçados de sua sentença, finge insanidade e é internado em uma instituição psiquiátrica. Lá, desde o início, entra em confronto com a autoridade rígida da enfermeira-chefe Mildred Ratched (Louise Fletcher).

Como poderosa metáfora sobre relações de poder, controle institucional e opressão, Um Estranho no Ninho permite múltiplas interpretações que ampliam sua força política, social e cinematográfica, mantendo-se extremamente atual mesmo após cinco décadas.

Assista ou reveja Barry Lyndon e Um Estranho no Ninho. Dois filmes essenciais e incontornáveis da história do cinema.

Panahi

Foi Apenas um Acidente de Jafar Panahi, está em exibição no Cine Líbero Luxardo. Vencedor do Festival de Cannes 2025, o filme apresenta uma narrativa marcada por diversos temas vinculados à violência e à política no Irã. Trata-se de uma obra de forte olhar humanista, em que o diretor constrói a história a partir da experiência de um homem que se depara com aquele que acredita ser seu ex-torturador. No entanto, após prendê-lo, surge a dúvida: seria ele realmente a pessoa que o torturou, entre tantas outras? Belo e contundente filme sobre questões relacionadas ao ódio e à vingança, temas infelizmente recorrentes em nossa sociedade. Excelente!

O Iluminado

O retorno do genial O Iluminado de Stanley Kubrick, aos cinemas é uma excelente oportunidade para que novas gerações de cinéfilos assistam ao filme na tela grande de uma sala de cinema. Genial! Assisti ao filme no Cine Palácio quando foi lançado, e seu impacto estético e temático é melhor apreciado no cinema. Aproveitem, especialmente os espectadores que terão a chance de vê-lo em IMAX.

Academia

A Academia Paraense de Cinema foi apresentada oficialmente esta semana, em uma sessão especial no Cine Líbero Luxardo. Essa nova iniciativa de cultura cinematográfica tem como objetivo colaborar, de diferentes maneiras, para a promoção, o fortalecimento e o estímulo ao interesse pelo cinema paraense. Eu e Luzia Álvares estaremos juntos à frente dessa ação cinéfila dedicada ao cinema produzido no Pará. Em breve, divulgaremos mais informações sobre a Academia Paraense de Cinema. Agradeço a direção e equipe do Cine Líbero Luxardo e aos espectadores presentes na sessão de lançamento da Academia.

Natal

Desejo a todos os leitores um Feliz Natal com muita saúde e fé! 

Dicas da semana

A Felicidade não se compra de Frank Capra. Com James Stewart e Donna Reed. Homenagem ao crítico de cinema Pedro Veriano (Cineclube SINDMEPA. Terça-feira, dia 23/12. Horário: 19h. Entrada gratuita).

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