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Baiano - o arquiteto das emoções sobre duas rodas

Ele é construtor de pistas de motocross e transformou a paixão em profissão.

Rosiane Reis

Quando o ronco dos motores ecoa e a poeira sobe, há muito mais do que adrenalina no ar. Por trás de cada curva desafiadora, salto preciso e terreno estrategicamente moldado, existe um nome que se tornou referência nacional: Baiano, o construtor de pistas de motocross que transformou a paixão em profissão e ajudou a escrever capítulos importantes da história do esporte no Brasil e fora dele.

A trajetória de Baiano começa longe dos holofotes, em 1994, ainda no BMX Racing. “Eu mesmo fazia minhas pistas para andar de bicicleta”, relembra. Foi em 1999, com a chegada do construtor Fernando Dálmaz à região, que sua vida começou a mudar. Trabalhando como operador de pá carregadeira em uma cerâmica, Baiano pediu alguns conselhos a Dálmaz e, pouco tempo depois, já reformava pistas de motocross na região. Em 2000, veio o primeiro grande trabalho: uma pista em Marabá para o Campeonato Paranaense. “Ali tudo começou de verdade. O Marquin Barcelos me apresentou ao Tonin Bala, de Goiânia, e acabei passando oito anos construindo pistas por lá. O boca a boca fez o resto.”

Segurança, técnica e paixão

Especialista no assunto, Baiano garante que uma pista de motocross precisa, antes de tudo, oferecer segurança. “Largura adequada, saltos bem pensados e técnicos, mas sempre seguros. Eu gosto de exigir dos pilotos, mas sem colocar em risco a integridade deles”, explica. Segundo ele, a maior dificuldade nem sempre está no traçado, mas na infraestrutura. “Maquinaria é tudo. A primeira pista que fiz em Goiânia só tinha um trator de esteira, e demorei um mês para concluir.”

Entre os trabalhos que mais marcaram sua carreira está a pista do Acre para o Latino-Americano de 2005. “Dois quilômetros de extensão, terreno de areia e pilotos de vários países. Foi inesquecível ver nomes como Leandro Silva, Ratinho Lima, Wellington Garcia, Thales Vilarde e competidores do Paraguai, Argentina, Peru, Venezuela e Uruguai.”

Do Brasil para o mundo

Mesmo reconhecendo que o Brasil ainda está cerca de 20 anos atrás dos Estados Unidos no quesito qualidade de pistas, Baiano vê avanços. “A chegada de pilotos estrangeiros e a troca de experiências têm elevado o nível.” E ele fala com propriedade: desde 2009, constrói pistas também no Paraguai e na Argentina.

Com duas máquinas, Baiano consegue erguer uma pista em seis a dez dias. Prefere terrenos arenosos e alerta que quem deseja entrar nesse ramo precisa aprender a operar as máquinas. “A criatividade é tão importante quanto a técnica”, garante.

Impacto e sonhos

Para Baiano, o motocross vai muito além das competições. “Uma etapa movimenta o comércio da cidade, aquece hotéis, restaurantes, oficinas. É um evento que beneficia todo mundo.”

E, mesmo com uma carreira consolidada, ele ainda tem sonhos. “Quero assistir de perto o AMA Supercross, ver como são feitas as contratações e o processo de construção das pistas lá fora.”

Seja no Acre, em Goiânia, no Paraguai ou na Argentina, onde houver cheiro de combustível e gosto de desafio, é provável que haja também a marca registrada de Baiano. Uma mistura de técnica, amor pelo esporte e o toque de quem vive para transformar terrenos vazios em palcos de pura emoção.

Instagram: @baianopista

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