Grafites redesenham paisagem da Cidade Modelo
São painéis gigantes de pinturas em grafite que retratam a natureza e os principais pontos turísticos do município, como o Cristo Redentor e o trem 'Maria Fumaça'
Há cerca de três meses a paisagem de Castanhal vem ganhando ares mais coloridos. São painéis gigantes de pinturas em grafite que retratam a natureza e os principais pontos turísticos do município, como o Cristo Redentor e o trem “Maria Fumaça”. As pinturas em grafite podem ser vistas em alguns prédios públicos localizados no centro e na periferia de Castanhal. O trabalho agradou a população.
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A escolhida pelo estudante Ewerton Luiz da Silva é a pintura que foi feita do half de skate da praça do Estrela. “A forma como foi pintado o Cristo Redentor me emociona. Gosto muito de apreciar esse desenho e já fiz várias fotos aqui usando essa arte como cenário de fundo das minhas fotos. Tem uma energia incrível tudo isso aqui”, contou.
Para o autônomo Danilo Araújo, as pinturas em grafite deram mais alegria a cidade. A pintura feita no muro do posto de saúde
Os artistas responsáveis pelos painéis espalhados na cidade são “ex-pichadores”. Edson Maurício Monteiro, Marcelo Silva, Marlon Silva e João Marcos Souza integram a equipe de pintores da Secretaria de Obras de Castanhal. “Somos artistas. E esse trabalho foi feito com muito prazer e planejamento. Tudo que pintamos é arte”, disse Edson Monteiro.
Para Marlon Silva o trabalho realizado em Castanhal valorizou o trabalho do grafiteiro, que um dia já foi visto com discriminação. “Passamos de discriminados a valorizados. Hoje o grafite é arte e isso é muito bom para todos os profissionais que trabalham com essa arte”, disse.
A ideia de utilizar os muros dos prédios públicos, como dos postos de saúde, creches e ginásios esportivos, para serem usadas como telas gigantes partiu do vice prefeito, Ênio Monteiro. “Eu já tinha visto que o grafite estava sendo muito usado em cidades que tinha visitado e sempre ficava encantado. Foi então que decidimos, junto com alguns secretários, implantar aqui em Castanhal para trazer mais beleza e poder expressar um pouco da nossa cultura”, contou.
De acordo com Walter Costa e Silva, Secretário de Obras de Castanhal, o projeto da pintura em grafite vai ser expandido para mais lugares e prédios públicos do município. “O grafite veio revitalizar e dar uma outra cara, não só aos prédios, como a paisagem do entorno deles. E foi aprovada pelos moradores. Então nosso prefeito Paulo Titan pretende que outros espaços recebam o grafite”, explicou.
Origem do grafite
Grafia é a escrita. Nas artes plásticas, a palavra grafite, ou graffito (em italiano), significa marca ou inscrição feita em um muro, e é o nome dado às inscrições feitas em paredes desde o Império Romano. Grafismo, por sua vez, é a maneira de traçar linhas e curvas sob um ponto de vista estético.
No período contemporâneo, as primeiras manifestações dessa forma de arte surgiram em Paris, durante a chamada revolução cultural, em maio de 1968.
A estética do grafite é bastante associada ao hip-hop, uma forma de expressão artística que também surgiu nas ruas. Nos Estados Unidos, um importante artista grafiteiro foi Jean-Michel Basquiat (1960-1988). Original de uma família haitiana, Basquiat buscou, para sua arte, raízes na experiência da exclusão social, no universo dos migrantes e no repertório cultural dos afro-americanos. Ao longo da década de 1970, seus "textos pintados" tomam os muros de Nova York, principalmente nos bairros que eram redutos de intelectuais e artistas.
No Brasil
Alex Vallauri (1949-1987) é considerado um dos precursores do grafite no Brasil. Etíope, chegou a São Paulo em 1965. Estudou gravura e formou-se em Comunicação Visual pela FAAP. Em 1978, passou a fazer grafites em espaços públicos da cidade. Produziu silhuetas de figuras, utilizando tinta spray sobre moldes de papelão. Morou em Nova York entre 1982 e 1983. Durante esse período, também fez grafites nos muros da cidade.
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