Pará tem o menor percentual da população com conectividade significativa: apenas 7,5%

Estudo aponta que apenas 43% dos usuários do Brasil têm acesso pleno à internet

Suellen Santos*
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Estudo lançado nesta terça-feira (16/4), durante um seminário realizado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), braço do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em Brasília, aponta o Estado do Pará com o menor percentual da população com conectividade (internet) significativa: apenas 7,5%. Os piores desempenhos foram registrados nas regiões Norte e Nordeste, que têm só 11% e 10% da população na faixa de 7 a 9 pontos, respectivamente.

Ainda de acordo com o estudo “Conectividade significativa: proposta para mediação e o retrato da população no Brasil”, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 57% dos brasileiros não têm acesso pleno à internet, e somente 22% da população têm conectividade significativa (que seria um acesso de modo adequado e estável).

De maneira inédita, o estudo considera fatores individuais sobre conexão à internet e mostra que apesar de ter um percentual elevado de conexão, a qualidade do acesso ainda é baixa.

Foram definidos pelo Cetic 9 indicadores para mensurar os níveis de conectividade, sendo quatro deles individuais. A pesquisa estabeleceu uma escala de 0 a 9, em que 0 não atende a nenhum dos critérios analisados e 9 abrange todos. Cerca de 33% da população atingiu até 2 pontos na escala, o que denota a falta de conectividade significativa. A faixa que tem entre 3 e 4 pontos é de 48%. Assim, 57% da população não tem acesso qualificado à internet.

Apesar de os especialistas considerarem os dos números expressivos, o estudo mostra uma melhora gradativa ao longo da série histórica da pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios - TIC Domicílios, que analisa o acesso há 19 anos. Em 15 anos, o acesso à internet aumentou 50 pontos percentuais.

Pesquisadora afirma que números são baixos

A coordenadora de estudos setoriais do Cetic.br e responsável pela pesquisa, Graziela Castello, ainda considera esse percentual muito aquém. Em números absolutos, o Brasil ainda tem mais de 16% da população sem acesso à internet.

 “Quando a gente fala em pessoas sem acesso à internet, em relação à população absoluta, são 29 milhões de pessoas. Isso equivale a uma Venezuela inteira de pessoas que não estão conectadas à internet”, enfatizou.

O Sul e o Sudeste, com 27% e 31% de suas populações com acesso pleno, foram as únicas regiões que apresentaram um percentual maior na faixa de 7 a 9 do que a de 0 a 2 pontos. São Paulo tem o maior percentual de pessoas com conexão significativa no Brasil, com 37,8%. A média nacional é 30% – percentual considerado baixo pelo Cetic.br.

Pessoas entre 25 e 44 anos têm o melhor acesso 

Um dado relevante do estudo do Cetic revela que o melhor acesso se dá entre os grupos etários com maior incidência no mercado de trabalho, que estão na faixa etária de 25 a 44 anos, e não entre os mais jovens, comumente associados ao uso e incidência de habilidades digitais.

Segundo Castello, o resultado inverte o senso comum e mostra falta de acesso pleno às populações mais jovens. Já que apenas 16% e 24% de pessoas com idades de 10 a 15 anos e 16 a 24 anos estão na faixa mais alta de conectividade significativa.

“A realidade de um jovem que mora na periferia e não tem qualidade de conexão é muito distinta da de um jovem da mesma idade que tem melhores condições. Essas diferenças potencializam desigualdades já existentes”, ponderou.

Outro apontamento importante,é que 61% dos brasileiros com 60 anos ou mais tiveram de 0 a 2 pontos na escala, essa outra lacuna de acesso que mostra uma maior vulnerabilidade de exclusão foi notada entre idosos.

O estudo também denota que, quanto melhores as notas, maiores são as competências para lidar com os desafios presentes no acesso à internet, como segurança digital e suscetibilidade à desinformação.

De acordo com o Cetic.br, somente 22% das pessoas que tiveram notas de 0 a 2 adotaram medidas de segurança ao acessarem a internet. O mesmo é visto em 82% da faixa mais alta.

É notada a mesma disparidade no quesito de verificação de informações.  O recorte das pessoas na pior faixa, mostra que somente 24% verificaram se uma informação era verdadeira ou não, enquanto na nota mais alta a porcentagem foi de 76%.

Recorte de gênero e escolaridade

Os homens registraram uma conectividade significativa consideravelmente maior do que mulheres. São 28% contra 17%, segundo o Cetic.br. Isoladamente analisados, os indicadores não mostram um acesso tão difuso entre ambos. Mas, ao serem combinados, revelam condições de conectividade mais precárias para elas, com barreiras relacionadas a renda e participação social e política na sociedade.

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Da mesma forma, quanto menor a escolaridade, menor é a incidência de conectividade efetiva. Cerca de 68% das pessoas que possuem até o ensino fundamental 1 tem de 0 a 2 pontos na escala. Porém, a situação é inversamente proporcional nas pessoas com ensino superior, com 59% delas estando na faixa de 7 a 9 pontos.

No recorte de classe, as diferenças são mais profundas: somente 1% das pessoas das classes D e E tem conectividade significativa, enquanto 64% delas estão na pior faixa. Na classe A, o acesso é de 83% e apenas 1% deles tiveram nota de 0 a 2.

(com informações do Poder360)

(*Suellen Santos, estagiária sob supervisão de Hamilton Braga, coordenador de Política e Economia)

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