Pandemia: O que muda se a covid-19 virar uma endemia?
Alguns países como Reino Unido, França e Espanha passaram a considerar a covid-19 como uma endemia; entenda o que muda
Nas últimas semanas, a França, Reino Unido, Espanha e Dinamarca anunciaram que a covid-19 não será mais vista como uma pandemia, mas sim como uma endemia em seus respectivos países. A decisão gerou repercussão e confusão entre a população mundial, com muitos interpretando a classificação de endemia como o fim do vírus, quando, na verdade, talvez a doença nunca desapareça. Pensando nisso, o Oliberal.com separou as principais diferenças entre endemia e pandemia e o que vai mudar caso a covid-19 vár para essa classificação.
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O que é uma endemia?
A endemia é o nome dado a algum fator que significa uma quantidade esperada de casos e mortes relacionadas a alguma doença, conforme o local e época do ano.
Exemplos de endemia:
Herpes: Estima-se que dois terços da população mundial com mais de 50 anos já teve contato com o vírus. Mesmo com o número relevante, o quadro não está relacionado a complicações ou risco de morte.
Aids, tuberculose e malária: Apesar de serem doenças mais serias, as três são consideradas endêmicas. Estima-se que de 240 milhões de casos de malária, 640 mil mortes ocorram por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O que isso significa?
Os exemplos significam que a classificação de uma endemia tem a ver com a estabilidade nas estatísticas. Quando o número foge do controle, como era visto com as mortes e casos de covid-19 em 2020, antes da vacinação, a situação é dita como pandemia (quando se alastra por vários continentes) ou epidemia (quando localizada em um região).
Para o imunologista Anthony Fauci, endemia significa "Uma presença não disruptiva sem a possibilidade de eliminação [de uma doença]". Conforme ele, o vírus da covid-19 nunca será extinto, mas, aos poucos, irá afetar a população como uma gripe comum. O ponto de vista do especialista também foi debatido por Mike Ryan, médico e diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, que afirmou que endemia não é uma coisa boa, apenas significa que a doença ficará para sempre entre a população. "O que precisamos é diminuir a incidência, aumentando o número de pessoas vacinadas, para que ninguém mais precise morrer", declarou.
O que muda na prática se a covid-19 virar uma endemia?
De forma geral, as mudanças serão:
- Não será obrigatório o uso de máscaras em locais fechados;
- Não será necessário mostrar o comprovante de vacinação;
- Aglomerações estão liberadas.
De acordo com a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo, mesmo se o vírus for considerado como uma endemia, as orientações de proteção devem continuar, pois o vírus continuará circulando entre a população.
Mudança na verificação de casos
Diferente do que era visto anteriormente, com muitos países fazendo busca ativa de infectados, com tendas de testagem, kits de diagnósticos, isolamento e rastreamento de pessoas que tiveram contato com alguém que estava infectado, outra mudança é que, se considerada uma endemia, todo o programa de ampla testagem, isolamento e rastreamento não será mais necessário.
É cedo para decretar uma endemia no mundo?
Conforme o especialista Aris Katzourakis, é errado e perigoso considerar que uma endemia é algo leve inevitável. "Deixa a humanidade à mercê de muitos anos da doença, incluindo ondas imprevisíveis e novos surtos. É mais produtivo considerar o quão ruim as coisas podem ficar se continuarmos a dar ao vírus oportunidades de nos enganar. E daí então podemos fazer mais para garantir que isso não aconteça", afirma.
A covid-19 ja é considerada uma endemia no Brasil?
Não. Ainda é cedo para considerar uma endemia no país, principalmente pelo fato do Brasil estar na crista da onda da variante ômicron, com recordes no número de casos e um aumento significante de mortes. As recomentações de proteção devem ser continuadas e a ampla vacinação também, com toda a população tomando sua dose de reforço, já que no momento, apenas 23% dos brasileros fizeram a imunização das três doses da vacina.
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(Estagiaria Paula Figueiredo, sob supervisão da coordenadora de OLIberal.com, Heloá Canali)