Defesa de pescadores acusa MPF de ocultar provas no caso Bruno e Dom; entenda
Advogados alegam que provas cruciais foram escondidas pela acusação e criticam tentativa de transferir julgamento de Tabatinga para Manaus.

Os advogados dos pescadores acusados pelos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips divulgaram, nesta segunda-feira (29/07), uma nota pública na qual acusam o Ministério Público Federal (MPF) de esconder provas e tentar manipular o curso do julgamento.
Segundo os defensores Lucas Sá, Goreth Rubim, Américo Leal, Larissa Rubim e Gilberto Alves, os réus foram afastados de suas famílias e comunidades desde o início do processo, sendo transferidos para presídios federais sem justificativas claras.
Agora, afirmam que o MPF estaria tentando transferir o julgamento de Tabatinga para Manaus, o que, de acordo com eles, viola o princípio do Tribunal do Júri, que determina que os acusados devem ser julgados por seus semelhantes. Lucas Sá e Américo Leal são naturais do Pará.
“A intenção dos acusadores, na prática, é obter uma condenação a qualquer custo, mesmo que para isso desrespeitem garantias fundamentais e o devido processo legal”, diz a nota da defesa.
O documento também denuncia a suposta existência de provas que teriam sido ocultadas durante todo o processo. Os advogados afirmam que o próprio MPF revelou recentemente a realização de gravações ambientais com os pescadores presos, incluindo a atuação de um agente infiltrado, que se passou por detento.
Segundo a defesa, esse material nunca foi compartilhado com os advogados.
“Essas provas jamais foram entregues à defesa, que precisou atuar no caso sem acesso completo aos elementos da acusação”, afirmam os representantes legais dos pescadores.
Para eles, a conduta do MPF representa um grave abuso de poder e compromete o direito à ampla defesa.
A defesa informou ainda que irá recorrer para pedir a anulação total do processo, com base na suposta ocultação de provas.
Além disso, promete contestar qualquer tentativa de mudança do local do julgamento para Manaus, defendendo que ele aconteça em Tabatinga - cidade próxima ao local dos fatos e, segundo os advogados, onde “a verdade pode ser ouvida pela comunidade que conhece os réus e a realidade local”.
Procurado pelo Grupo Liberal, o Ministério Público Federal do Amazonas (MPF/AM) ainda não se manifestou sobre os argumentos da defesa dos pescadores acusados pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
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