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Motorista que ajudou a prender suspeito de exploração sexual infantil não se considera herói

Floyd Wallace Junior, estadunidense de 30 anos, foi preso em São Paulo após uma investigação iniciada no Rio de Janeiro. A Uber, a partir do começo de 2026, dará um treinamento específico aos motoristas

Lívia Ximenes

Um motorista de aplicativo ajudou a prender um turista suspeito de exploração sexual infantil, identificado como Floyd Wallace Junior. Natural dos Estados Unidos (EUA), o homem de 30 anos foi detido em São Paulo após uma investigação iniciada no Rio de Janeiro. Ele é acusado, também, por favorecimento à exploração sexual de criança e adolescente e estupro de vulnerável.

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O motorista de aplicativo, no dia 8 de dezembro, atendeu a uma corrida no Jacaré, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ao Fantástico, o homem disse que duas meninas foram em direção ao carro e sentaram no banco de trás. Durante a corrida, o motorista notou que elas não sabiam para onde estavam indo e usavam o Google Tradutor para se comunicarem com quem havia solicitado a viagem.

“Foi começando a soar os alarmes”, contou o motorista. Ao chegar no destino, em Santa Teresa, ele disse que Floyd já aguardava as meninas. “Eu passei um pouquinho do endereço de propósito”, relatou. Incomodado com a situação, o motorista fez uma denúncia à plataforma da Uber e uma apuração interna iniciou, com alerta emitido às autoridades.

A empresa constatou que Floyd era suspeito de exploração e turismo sexual. Conforme as investigações, entre os dias 8 e 19 de dezembro, o homem fez viagens. O estadunidense fugiu para São Paulo, onde foi preso.

O motorista de aplicativo, que não teve a identidade revelada, não acredita que fez uma ação de heroísmo. "Eu me sinto, na verdade, um cidadão. Você gostaria, tipo, numa situação de perigo, que alguém olhasse por você, né? Eu falaria que a gente precisa ter compaixão com nós mesmos. Se você puder fazer um gesto de socorro, faça", disse.

Floyd é youtuber e tem dois canais na plataforma. Em um deles, o estadunidense fazia apologia à agressão contra policiais e, no outro, se apresentava como membro do movimento “Passaport Bro”, que incentiva homens a procurarem relações sexuais em países tidos como vulneráveis. Segundo informações dos EUA, Floyd possui antecedentes criminais em mais de 13 estados norte-americanos por resistência à prisão, agressão a policiais e conduta desordenada.

A polícia encontrou câmeras escondidas, óculos de realidade virtual, bichos de pelúcia, cinco celulares, 12 pendrives e cartões de memória em meio aos pertences do suspeito. “Ele possuia uma grande capacidade de produzir conteúdos”, afirmou a delegada Maria Luiza Machado. Floyd atuava como influenciador e gravava as vítimas sem consentimento, utilizando até mesmo um relógio como câmera, conforme as investigações.

As autoridades acreditam que Floyd teve cerca de oito e 12 crianças como vítimas no Rio de Janeiro. As investigações seguem em andamento para verificar a presença de intermediários e/ou rede criminosa. O consulado dos Estados Unidos afirmou que está ciente sobre o caso, porém não fala acerca de detalhes para manutenção da privacidade.

Com o ocorrido, a Uber informou que, a partir do começo de 2026, os motoristas passarão por um treinamento para identificar sinais de tráfico humano. Em parceria com a ONG The Exodus Road Brasil, que age contra exploração sexual infantil, a empresa seguirá agindo contra os crimes.