Inquérito investiga há seis anos o desaparecimento de corpos em IML
Investigação sobre sumiço de corpos sem identificação foi iniciada há em 2017
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) investiga o desaparecimento dos corpos de dois homens, não identificados, que estavam no Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba. Os corpos estavam na instituição desde 2014 e foram dados como desaparecidos em maio de 2017.
Apesar da investigação, que já dura cerca de seis anos, ter sido motivada por estes dois desaparecimentos, ofícios encaminhados pelo IML à polícia apontam que pelo menos outros dois corpos, de outro homem e de um natimorto, também sumiram da instituição. As mortes aconteceram em 2014 e 2015, e os desaparecimentos foram percebidos em 2016 e 2017.
O inquérito policial foi iniciado em outubro de 2017. Sete meses depois, em maio 2018, o MP-PR indicou que os desaparecimentos tinham “indícios de participação de funcionário público”. De lá para cá, nenhum suspeito foi indiciado.
Neste mês, o MP-PR abriu inquérito civil para apurar possível omissão da Polícia Científica nas investigações. O MP disse que não se manifestará sobre o caso, mas confirmou o novo procedimento.
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Especificamente sobre os desaparecimentos que motivaram a investigação, o instituto informou à polícia, em 2019, que "com as apurações internas, não foi possível determinar o que ocorreu".
Sobre esses desaparecimento, o Instituto informou à polícia em 2019 que "com as apurações internas, não foi possível determinar o que ocorreu".
Corpos Desaparecidos
De acordo com os laudos cadavéricos dos dois corpos desaparecidos disponiblizados pelo IML no início da investigação, os dois homem morreram nos dias 27 de novembro e 14 de dezembro de 2014, respectivamente.
O documento também apontava que o primeiro homem tinha entre 30 e o segundo, 35 anos e foi vítima de agressão física.
O segundo homem tinha entre 50 e 60 anos. A causa da morte era desconhecida.
Na investigação, o IML disponibilizou documentos que indicam, ainda, o desaparecimento do corpo de um homem de 50 anos e de um natimorto (a morte de um feto após 20 semanas de gravidez). Nos dois casos, os problemas foram identificados nas documentações de controle sobre os corpos.
No caso do natimorto, o corpo chegou ao IML após ser encontrado em um banheiro de um terminal de ônibus de Curitiba, em abril de 2015. No caso do homem de 50 anos, ele foi encontrado morto em um terminal rodoviário da capital em agosto de 2014.
Em um ofício assinado pelo então diretor administrativo do IML, em 2017, ele argumentou que, na época dos desaparecimentos, a instituição não tinha o que chamou de "setor próprio de controles bem capacitado". A criação desta instância, argumentou, aconteceu em 2016, com a instauração do Setor Cartório.
No mesmo documento, o então diretor afirmou, também, que a instituição passava por mudanças para tentar solucionar problemas interpessoais e técnicos no órgão.
Em 2019, o IML informou à polícia que tinha sob guarda cerca de 170 corpos na época dos desaparecimentos, "sem que as administrações anteriores do IML ou da Polícia Científica tivessem adotado qualquer medida para solucionar este gravíssimo problema".
“A identificação de problemas nos processos não é imediata nem fácil. O que se observa constantemente é que alguns procedimentos utilizados pelas organizações há tempos fazem parte de seu dia a dia e não identificados ou considerados pela organização, que costuma dizer ‘sempre foi assim’. Necessitando, nestes casos, de manifestação externa”, disse o documento.
No mesmo ofício, o IML encaminhou documentações à polícia para auxiliar na instauração do inquérito policial.
(Luciana Carvalho, estagiária sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).
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