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Condenado por esquema do mensalão, Marcos Valério, é alvo de operação da PF por sonegação de imposto

As investigações, iniciadas há mais de 18 meses, apontam que mais de 100 empresas podem ter integrado o esquema

O Liberal

Uma operação conjunta do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Receita Estadual, Receita Federal e forças policiais foi deflagrada na manhã desta terça-feira (2) para apurar um esquema de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica envolvendo atacadistas, redes de supermercados e empresas do varejo no estado. Entre os investigados está o publicitário Marcos Valério, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como operador do esquema do Mensalão.

Batizada de Operação Ambiente 186, a ação ocorre na Região Metropolitana de Belo Horizonte e no Centro-Oeste mineiro. Segundo o Ministério Público, o grupo investigado teria deixado de recolher mais de R$ 215 milhões em ICMS ao longo dos últimos anos.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em sedes de empresas, residências de empresários e endereços ligados a funcionários suspeitos. Celulares, documentos, equipamentos eletrônicos e veículos de luxo foram apreendidos. A Justiça também determinou a indisponibilidade de bens de investigados no valor de R$ 476 mil.

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Esquema usava empresas de fachada

De acordo com o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Minas Gerais (Cira-MG), responsável pela coordenação da operação, o esquema se baseava na criação de empresas de fachada — conhecidas como “barrigas de aluguel” — usadas exclusivamente para emitir notas fiscais falsas e simular operações interestaduais.

As notas simulavam vendas para fora do estado com o objetivo de reduzir a carga tributária. Na prática, porém, as mercadorias eram direcionadas a grandes redes mineiras, como o Coelho Diniz, e a outros estabelecimentos locais, sem o recolhimento do imposto devido.

As investigações, iniciadas há mais de 18 meses, apontam que mais de 100 empresas podem ter integrado o esquema. Cerca de 30 delas foram alvo das buscas realizadas nesta terça-feira.

O MP afirma que a prática permitia aos envolvidos ocultar a circulação real das mercadorias, reduzir artificialmente preços, ampliar lucros ilícitos e prejudicar a concorrência, além de reter valores de ICMS que deveriam ser repassados ao Estado.

As autoridades também analisam movimentações financeiras, possíveis irregularidades contábeis e estratégias de ocultação patrimonial para comprovar a prática de lavagem de dinheiro e ampliar a responsabilização dos investigados.

Mobilização das forças de investigação

A operação mobilizou seis promotores de Justiça, três delegados da Polícia Civil, 58 auditores fiscais da Receita Estadual, dois auditores da Receita Federal, além de 65 policiais militares, 54 policiais civis, nove bombeiros militares e 15 servidores do Ministério Público.

Criado em 2007, o Cira-MG reúne o Ministério Público, a Receita Estadual, a Advocacia-Geral do Estado, a Polícia Civil e a Polícia Militar. Em 18 anos, as ações do comitê já contribuíram para recuperar mais de R$ 16 bilhões aos cofres públicos por meio do combate a fraudes tributárias estruturada