Projeto leva pessoas com deficiência à prática da canoagem na baía do Guajará

Antes de sofrer um acidente de moto, em 2020, quando Domingos Brito perdeu uma das pernas e teve comprometimentos motores, ele praticava com frequência a canoagem. Depois de quase dois anos, por meio do projeto “Meninos do Rio”, ele voltou às águas pela primeira vez na manhã desta quinta-feira (11).

“Voltar é emocionante. Foi maravilhosa essa experiência, queria todo dia, porque me diverti muito e é bom tanto pro corpo, como pra mente. Antes de ter acompanhamento, não conseguia nem tomar banho sozinho. Agora, tenho mais autonomia, faço até a barba. Eu fico esperando a hora pra vir pra cá participar das atividades”, conta Domingos.

O projeto é desenvolvido pelo Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR) em parceria com a Kanoê VA’A, e associa a prática esportiva da canoagem ao atendimento convencional dos usuários com deficiência física, visual, auditiva e intelectual. “O intuito é utilizar a canoagem como forma de terapia, de reabilitação. Em julho deste ano, começamos a oferecer também a preparação física dos usuários para o início da prática de canoagem, com treinamentos semanais na hidroterapia e no ginásio de mecanoterapia do Centro, para que os usuários tenham um desempenho melhor na canoagem, por meio do fortalecimento do condicionamento físico. A gente vê o quanto estão empenhados, o quanto a prática influencia na socialização”, ressalta a educadora física Mayara Moreira, que é coordenadora do projeto.

Treinamentos

O projeto piloto de preparação física, que foi lançado este mês, acontece todas as terças e quintas-feiras, com cerca de sete usuários por treino, na piscina. Estes usuários, que já recebiam atendimento, foram convidados a fazerem parte do grupo de canoagem, que envolve três modalidades: canoagem com canoa havaiana, que é praticada de forma coletiva, o caiaque duplo, e o stand up paddle (SUP), que é o diferencial do projeto.

O estudante Artur Neto, 21 anos, portador do transtorno do espectro autista (TEA), estava ansioso para experimentar a prática da canoagem pela primeira vez. “Nunca vivi uma experiência como essa, quando entrei na canoa passou o nervosismo e consegui admirar a vista, é uma coisa incrível, bateu um ventinho. Considero como inigualável essa manhã, foquei em seguir as coordenadas do professor e foi um sucesso”, conta.

O educador físico João Mario Rodrigues destaca, entre os benefícios da prática, o fortalecimento muscular de membros superiores e inferiores, o controle de tronco, o trabalho no sistema cardiorrespiratório, ganho de tônus musculas, equilíbrio, entre outros.

“A canoagem trabalha todo o nosso corpo e também o psicológico dos usuários. A interação entre eles é um dos principais ganhos, faz parte de uma terapia em grupo, todos interagindo, em contato com a natureza, com o rio, com o esporte, esse é o nosso diferencial. Sentimos muita gratidão, porque conseguimos ver, por meio do esporte, as mudanças na vida deles”, diz João.

Benedito Silva, 53 anos, que é deficiente intelectual, participa desde o início no projeto. “Estou muito satisfeito, isso aqui é muito maravilhoso. Quando eu cheguei, não conseguia andar, nem falar, mas hoje já consigo caminhar e me comunicar bem melhor. É muito satisfatório que o governo proporcione um suporte como esse. Queremos só que cresça mais e mais”, ressalta. Atualmente, o esporte de canoagem é praticado por 25 usuários e as atividades são realizadas na Baía do Guajará, aos fundos do CIIR.

Serviço

Os usuários podem ter acesso aos serviços do CIIR, por meio de encaminhamento das Unidades de Saúde, acolhidos pela Central de Regulação de cada município que, por sua vez, encaminha à Regulação Estadual. O pedido será analisado, conforme perfil do usuário, pelo Sistema de Regulação (Sisreg). O Centro funciona na Rodovia Arthur Bernardes, n° 1000. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.