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Manifestações contra cortes do governo federal reúnem quase 20 mil pessoas em Belém

Caminhada reuniu professores, estudantes e populares que ganharam as ruas do centro da capital

Redação Integrada

O Corpo de Bombeiros do Pará, um dos órgãos destacados para acompanhar a manifestação contra os cortes na área da educação e também contra a Reforma da Previdência do governo federal na tarde desta quinta-feira (30), estima em quase 20 mil o número de pessoas que saíram às ruas do centro de Belém. A caminhada, que reuniu professores, estudantes, entidades de classe e a população em geral, teve início às 17 horas, na Praça da República, de onde saiu em direção ao Mercado de São Brás, tomando as avenidas Nazaré e Magalhães Barata.

De acordo com os organismos de segurança pública, a manifestação ocorreu de forma pacífica, sem nenhum atendimento por parte das equipes dos Bombeiros. A única ocorrência registrada durante o evento foi a informação, repassada por populares, de uma tentativa de arrastão próximo ao Mercado de São Brás. Guarnições da Polícia Militar foram enviadas ao local para reforçar a segurança.

Entre os participantes do movimento estava o presidente do PCdoB no Pará e da Impresa Oficial do Estado (IOEPA), Jorge Panzera. Para ele, as manifestações refletem um nível cada vez maior de insatisfação de boa parte da população com as medidas que vem sendo adotadas pelo atual governo. "Acho que o que vemos aqui traz uma lição de que, especialmente a juventude, mas não só ela - também os professores, os técnicos da área da educação e a população em geral - não está satisfeita com os rumos que o país vem tomando. Esse é um governo totalmente perdido, que não pensa o Brasil como um todo e não tem um projeto para o país. E a tradição do povo brasileiro em situações assim é ir pra rua e mostrar o que precisa ser transformado no país. O que vemos é um povo organizado, mobilizado, que busca saídas para essa crise criada pelo governo. E isso só vai acontecer se construírmos um caminho que una o Brasil, una os trabalhadores, una a juventude." 

A exemplo das manifestações do último dia 15, os jovens mais uma vez foram a maioria entre os participantes da marcha. "A juventude que se fez presente aqui está preocupada com o amanhã, pois está vendo que esse governo não oferece futuro para o Brasil. Por isso mais uma vez ela voltou às ruas", complementou Panzera.

Para o mês de junho está prevista uma paralisação nacional, focada também na luta contra a Reforma da Previdência, que o líder do PCdoB no Pará considera uma moeda de barganha. "Essa reforma está sendo 'vendida' como a única saída para o Brasil. Um tempo atrás era a reforma trabalhista, que só fez aumentar o desemprego, agora eles vêm com essa história de reforma da Previdência. É uma conversa que não se encaixa, porque não é a saída pro Brasil. E isso aqui é uma demonstração de que as pessoas estão preocupadas não apenas com o futuro da educação e das próximas gerações, mas, está comprometida com a geração que constrói o Brasil hoje, dos trabalhadores que querem ter, quando chegar o tempo, uma aposentadoria digna. E o que esse governo apresenta como reforma vai acabar tanto com a previdência como como a aposentadoria da maioria desse povo. Sacrificar outra vez a população mais pobre não é o caminho para resolver a crise", defendeu Panzera.

Por conta do protesto, o trânsito ficou travado nas avenidas Presidente Vargas, Assis de Vasconcelos e travessas adjacentes do centro em Belém. Ao todo, foram quatro quilômetros de caminhada. Já era por volta das 19h50 quando o público começou a dispersar, mas, uma multidão ainda permaneceu na praça do Mercado de São Brás, que em outubro do ano passado também foi palco dos atos contra o então candidato a presidência, Jair Bolsonaro.

O fluxo de veículos só voltou a ser liberado no entorno do Mercado de São Brás por vota das 20h, mas, o engarrafamento ainda permaneceu por algum tempo ao longo das avenidas Nazaré e Presidente Vargas.

MOBILIZAÇÃO - Oito horas antes da concentração, convocada para ocorrer às 16h na Praça da República, pelo menos seis instituições de ensino superior e pesquisa já amanheceram com portões fechados e aulas suspensas - ou tiveram atividades programadas com paralisações parciais, para adesões de servidores, a partir das 13h de hoje, aos atos em defesa da pequisa e educação e contra a Reforma da Previdência.

Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Sul e Sudeste Pará (Unifesspa), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), Museu Paraense Emílio Goedi (MPEG), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e a Escola de Aplicação da UFPA (EAUFPA) tiveram entradas fechadas ou reduziram atividades antes da caminhada desta tarde - que percorreu quatro quilômetros pelas  avenidas Presidente Vargas e Nazaré, até o Mercado de São Brás. 

Aulas também foram suspensas em algumas escolas da rede estadual. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), foi uma das entidades que pediu apoio de professores e estudantes ao ato desta quinta-feira.

 

CORTES - No Pará, os cortes orçamentários anunciados pelo governo federal vão implicar em uma perda de R$ 105,29 milhões no orçamento das quatro universidades federais em funcionamento no Estado do Pará. Na média, o valor reduzido corresponde a 31,22% do orçamento de R$ 337,24 milhões, previsto para essas universidades no ano de 2019.

Essa redução de recursos prejudica 63.025 estudantes atualmente matriculados em 28 municípios e pode representar a redução direta de 15.565 vagas nos campi federais do Estado. Ainda estão em risco 7.826 os trabalhos e estudos de mestrandos e doutorandos e 265 cursos superiores no Pará. Os dados são da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

 

Belém