Férias chegam ao fim e famílias se preparam para retorno à rotina de estudos e trabalho em Belém

Com o fim de julho, o clima de férias começa a dar lugar aos preparativos para o segundo semestre. Entre viagens, descanso e dias fora da rotina, muitas famílias vivem agora o desafio de reorganizar horários, retomar os estudos e voltar ao ritmo acelerado do trabalho. A gerente de vendas Ana Cláudia Cruz e o publicitário Fábio Cruz são exemplos desse processo de transição, após um período intenso de lazer com a filha Ana Clara, de 7 anos.

A família aproveitou o mês para curtir em Fortaleza, além de destinos paraenses como Salinas e Mosqueiro. “Foi maravilhoso e intenso, conseguimos aproveitar bastante o tempo juntos. Claro que com criança é difícil descansar de verdade, mas recarregamos as energias”, conta Ana Cláudia.

Apesar da saudade das viagens, a rotina já começa a ser retomada. Os pais voltaram ao trabalho e Ana Clara inicia nesta semana com as atividades de revisão para retornar às aulas no dia 4 de agosto. “A maior dificuldade ainda é o sono dela, porque nas férias os horários mudam bastante. Estamos tentando ajustar aos poucos”, explica Ana Cláudia, que brinca sobre o impacto do retorno: “No começo parece que as coisas ainda estão fora do lugar, mas logo tudo volta ao normal”.

Para a pequena Ana Clara, o destaque das férias foi a viagem para o Beach Park e o reencontro com os primos. Mas o entusiasmo para rever os amigos da escola já fala mais alto. “Estou animada, com saudades da minha professora maravilhosa, a Tia Sirley”, diz.

No trabalho, a gerente de vendas admite que o ritmo acelerado não permite desligar totalmente. “Sou um pouco workaholic. Mesmo nas férias, dava uma olhada nos e-mails. Agora já entramos no segundo semestre com datas importantes como Dia dos Pais, Círio, Natal e a COP30”, comenta.

Entre malas ainda por desfazer e compras de supermercado pendentes, a família leva o retorno no improviso. “Ajustamos tudo aos poucos. Apostamos que a rotina vai se encaixando naturalmente”, resume Ana Cláudia. E mesmo antes de terminar o processo de reorganização, já fazem planos para a próxima viagem. “Brincamos que voltamos das férias já pensando nas próximas”, diverte-se.

“Descansar é tão importante quanto produzir”, afirma neuropsicóloga

Mais que um momento para conhecer novos destinos e aprender hobbies, as férias também são fundamentais para a recuperação da mente. Esse período de pausa permite o olhar aprofundado para si, para próprios desejos, e criam espaço para reflexões sem pressões externas. Pausar ajuda a recuperar a mente e também aumenta a liberdade criativa — tendemos a evitar as cobranças, as tarefas repetitivas e reorganizar os pensamentos para um recomeço renovado.

De acordo com a neuropsicóloga Roberta Rios, as férias melhoram a saúde do corpo. “O que isso faz é uma redução nos níveis de cortisol, hormônio do estresse. O humor melhora, e os momentos de lazer aumentam a produção de alguns hormônios como serotonina, dopamina, neurotransmissores ligados a essa sensação de bem-estar”, afirma.

A síndrome de burnout é uma das principais causas de adoecimento físico e mental causados pelo trabalho. A patologia apresenta os sintomas da ansiedade e depressão, e, no Brasil, o número de trabalhadores afastados pela doença quadruplicou de 2020 a 2023, segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Cerca de 288.865 brasileiros foram afastados do trabalho por causa de transtorno de saúde mental em 2023.

Roberta explica que as férias são uma forma de prevenir a síndrome de burnout, já que o período interrompe a rotina exaustiva e dá ao corpo e mente o tempo necessário para a recuperação, o que evita o esgotamento. “Além disso, melhora o sono, porque diminui a pressão de horários rígidos. As relações pessoais são fortalecidas, a convivência com amigos e principalmente com a família, isso aproxima”, pontua.

Veja as dicas para descansar nas férias

Colocar livros como prioridade
Desligar o celular por algumas horas
Fazer práticas de mindfulness ou meditação
Tentar não preencher silêncio com barulho
Respeitar o próprio ritmo

Retorno às atividades físicas devem ser graduais

Com as férias, o corpo se acostuma com o descanso e a alimentação também se torna menos regrada, com o aumento do consumo de frituras, bebidas alcoólicas e inclusão de alimentos novos na rotina, especialmente em viagens. A prática de atividades físicas é um investimento para a saúde e na qualidade, porém, ao retornar depois das férias, é preciso ter calma e respeitar os sinais do corpo.

“O retorno deve ser gradual e consciente. Após um período de inatividade, o corpo perde condicionamento, flexibilidade e força. Levando em consideração em respeitar os sinais do corpo, como cansaço excessivo ou dores, dormir bem e manter-se hidratado, revisar os hábitos alimentares, voltando ao equilíbrio nutricional”, afirma o educador físico Lenno Vianna.

Aos praticantes de academia, a indicação é reduzir a carga nos primeiros dias, já que manter os mesmos pesos de antes pode aumentar o risco de lesão. É importante focar na execução correta dos exercícios e no controle dos movimentos, com o tempo, deve-se aumentar progressivamente as cargas, conforme a evolução nos treinos.

A pausa para o descanso pode trazer a vontade de incluir novos hábitos na rotina. Lenno explica que quem não costuma praticar atividades físicas, mas busca começar, deve começar com algo leve, mas que seja prazeroso. “Algo como caminhada, dança ou natação. Faça avaliação física antes de iniciar qualquer atividade, busque orientação de um profissional de educação física e não se compare com os outros. O importante é o seu progresso”, diz.

Exagerou nos gastos da viagem? Veja como se reorganizar

“As férias exigem mais das despesas que a gente tem”, alerta Alexandre Damasceno, professor do curso de Economia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenador do Grupo de Educação Financeira da Amazônia. Alimentação, transporte e aluguel, bem como diárias nos hotéis, são os principais gastos no período.
Antes de qualquer viagem, o ideal é fazer um planejamento. “A gente planeja em termos de guardar dinheiro, planeja o local que a gente vai ficar, quantas pessoas vão, o tipo de viagem, com o que a gente vai gastar com alimentação. Tudo isso é fundamental acontecer antes. Trabalhamos muito, é fundamental termos as férias”, argumenta.

“Quando a gente gasta mais do que deve nas férias, a gente tem que observar a nossa organização e o planejamento financeiro. Se a pessoa não tiver, ela tem que verificar e para analisar quanto gastou a mais, deve avaliar quanto deve”, diz Alexandre. Caso seja um pagamento que precise ser feito de forma imediata, a dica do professor é substituir a dívida do cartão de crédito por consignado, pois a taxa é menor.

Segundo Alexandre, investir em um pequeno negócio para complementar a renda também pode ajudar, mas o principal é fazer a reorganização financeira dentro do próprio orçamento, para evitar novas dívidas. “Tem que ter o acompanhamento constante da dívida observar e avaliar onde vai fazer o sacríficio. Por exemplo, se a pessoa tem o costume de gastar com passeios, jantares ou compras, deve evitar para fazer o pagamento”, destaca.