Cooperação entre Nestlé e Embrapa busca produção sustentável do cacau na Amazônia
Representantes da Nestlé falaram sobre o assunto e de que forma o produtor pode ser beneficiado com o acordo
A sustentabilidade na produção do cacau é um dos temas discutidos durante a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-30), em Belém. Na última segunda-feira (10/11), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Nestlé assinaram um acordo de cooperação geral para acelerar o desenvolvimento de pesquisas e soluções tecnológicas sustentáveis voltadas à produção agrícola e pecuária no país, incluindo a redução de emissões de gases de efeito estufa e criação do cacau. Para falar sobre o assunto, o diretor de Entretenimento e Rádio Web do Grupo Liberal, Ney Messias, recebeu, nesta segunda (17/11), na sede da empresa, na capital paraense, os gerentes de agricultura, ESG e de Comunicação da Nestlé: Igor Mota, Luís Collaço e Daniela Santos, respectivamente.
Segundo a Nestlé, o Brasil possui condições agronômicas e climáticas ideais para ampliar a produção de forma sustentável do cacau e se tornar autossuficiente. A união com a Embrapa busca investimentos em pesquisa genética, sistemas agroflorestais e outras práticas regenerativas, com foco em aumentar a produtividade e a resiliência da cadeia produtiva.
De acordo com a Embrapa, o plantio sombreado de cacau em sistemas agroflorestais é uma das características da produção na Amazônia. E por essa razão, a integração com a floresta é o modelo recomendado para a região na perspectiva da descarbonização da agricultura.
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Antes dessa cooperação, Santos conta que a Nestlé vinha incentivando a agricultura regenerativa, mas, a partir de agora, a aposta é na inovação e na ciência, principalmente na Transamazônica, região em que serão testados arranjos de cacau a partir de Sistemas Agroflorestais (SAFs).
Em resumo, Igor destacou que o acordo terá benefícios a quem fabrica o cacau. “Entramos junto com a Embrapa para que tenhamos viabilidade e possamos responder a um produtor qual o melhor modelo de cacau (para produção) na Transamazônica. Para cada quilo de amêndoa de cacau produzido, geram-se 8 quilos de casca, que é fonte de inóculo de doenças de fungo. Existe uma forma que o produtor composta (processo de reciclagem de resíduos orgânicos) essa casca e isso vira fertilizante orgânico”, afirmou.
Mota também comentou sobre o projeto ‘Mais Inteligência, Mais Cacau’, criado para aumentar em 20% a produtividade e em 30% a rentabilidade dos produtores parceiros, no prazo de três anos, e consiste em consultoria técnica e gerencial, por meio de visitas mensais realizadas por engenheiros agrônomos com alto nível de conhecimento em cacauicultura. “Na assistência técnica, o produtor é orientado sobre qual a melhor forma e momento do ano para podar ou adubar; é feita uma análise de solo”, continuou.
Luís afirmou que a Nestlé acredita no potencial agro, sustentável e regenerativo que o Brasil tem. “Se as nossas emissões vêm 70% do campo e demandamos matérias-primas do campo, temos que atuar em pesquisas de desenvolvimento. Não existe, de fato, dado primário do cacau brasileiro para pegada de carbono. Esse tipo de pesquisa e investimento com o produtor nos ajuda a refinar a pegada de carbono do cacau brasileiro, que acreditamos ser bem menor que o cacau da África”, detalhou.
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