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23ª Parada do Orgulho LGBTI+ de Belém celebra reconhecimento de valor cultural imaterial

Evento reuniu pessoas da comunidade e simpatizantes na tarde deste domingo (28)

Maycon Marte

A 23ª edição da Parada do Orgulho LGBTI+ de Belém reuniu a comunidade e apoiadores na tarde deste domingo (28), para celebrar a conquista recente do projeto de lei que reconhece o evento como patrimônio cultural imaterial de Belém. A concentração da Parada aconteceu na avenida Doca de Souza Franco, mas o trajeto termina na Praça Waldemar Henrique, com apresentações musicais previstas para encerrar às 21h. Para Jenverson Garcia, um dos coordenadores do encontro, a expectativa é de que as próximas conquistas levem a uma realidade onde todos consigam coexistir com respeito.

O projeto que torna a parada patrimônio foi aprovado pela Câmara Municipal de Belém (CMB), na quarta-feira, 24 de setembro deste ano, apresentado pela vereadora Vivi Reis (PSOL), que também esteve presente no evento deste domingo. Ao lado dela, outros parlamentares e representantes do poder público, como a vereadora Marinor Brito (PSOL), a secretária de políticas públicas e bem-estar social do estado, Bruna Lorrane, e o presidente da Imprensa Oficial do Estado do Pará (Ioepa), Jorge Panzera.


As vozes se somaram a uma multidão que compareceu no encontro e aos demais representantes do movimento na cidade. O coordenador da parada, Jenverson Garcia, mais conhecido como GG, destaca que a escolha do tema “Patrimônio histórico e imaterial da população LGBTI+ na Amazônia” carrega o peso de uma trajetória luta nas ruas que remonta muitos anos.

“Todo o tempo nós vamos às ruas e, fazer um evento como esse para LGBTs é sempre mais difícil de colocar nas ruas, porque temos de recorrer a várias pessoas. Então com o peso de virar um patrimônio é mais fácil, porque nós conseguimos provar que esse é um evento de suma importância, não só para a população, mas para todos que reconhecem essa história”, afirma o coordenador.

Garcia explica que, apesar dos vinte três anos que o movimento se mantém firme e mobilizando pessoas para reivindicar direitos e respeito, o desejo para o futuro é de que “não seja mais necessário lutar”. Ele exemplifica, que, mesmo nesta edição, houve polêmicas em relação a uma suposta fiscalização da parada, que seria promovida por um parlamentar local. Ele se refere ao vereador Zezinho Lima (PL), que usou as redes sociais durante a semana para afirmar que estaria presente no evento para fiscalizar o que descreveu em uma das postagens como “ambiente impróprio para crianças e adolescentes”.

“A gente queria que um dia não precisássemos mais ir para às ruas, que não fosse mais necessário fazer grandes manifestações, fazer cartazes e tudo mais. Mas ainda brigamos que acha que influenciamos crianças, que fazemos coisas horríveis”, deseja Garcia.

Antes da celebração neste domingo, houve uma programação com oferta de ações de cidadania em parceria com entidades públicas. A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), e Ministério Público (MP) foram alguns dos parceiros da Parada. A realização oficial do evento fica por conta do Grupo Homossexual do Pará (GHP).

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Somando forças

A artista drag de Belém Nandinha Castro participa das passeatas há dezoito anos e explica que usa sua arte para resistir ao lado dos seus iguais, sempre buscando por mais respeito e direitos iguais. Ela reforça que a sua arte começa mais cedo, somando pelo menos vinte e dois anos de carreira, mas faz questão de estar montada nas paradas por entender o propósito e o peso de reivindicar o seu lugar no mundo.

“Me sinto realizadíssima, acho que colocar uma peruca na cabeça é uma realização, um sonho, uma luta diária contra o preconceito da sociedade, porque você ser artista é um processo de afeto. Só o fato de nós estarmos aqui três horas da tarde, botando uma peruca e uma roupa apertada nessa caminhada, nós estamos fazendo nossa parte por um amanhã com mais amor e afeto”, enfatiza a artista.

Castro segue nas passeatas com suas performances, mostrando uma arte que surge da história do movimento LGBTI+ e relata a complexidade da cultura que norteia as pautas da comunidade. Nas suas palavras, o movimento segue “caminhando e lutando para que o mundo seja um lugar mais respeitoso e com d