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7 de setembro: independência do Brasil e seu simbolismo

"No Pará a data é associada à independência, mas esta adesão só ocorreu após resistência, em 15 de agosto e se tornou também uma data comemorativa", explica Antropóloga

Emanuele Correa
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Nesta terça-feira (7) é feriado em todo território nacional, devido à Independência do Brasil. Cada pessoa percebe a data de uma forma diferente. Há quem veja como data de protesto. Outros como data para apoiar o patriotismo. E há quem não sinta absolutamente nada e só veja como dia de folga pré-programada no calendário. Para saber o que se entende sobre o simbolismo da data e a sua relação com o "7 de Setembro", a Redação Integrada de O Liberal foi às ruas conversar com a população sobre esse significado.

Nelson Augusto Pinheiro diz que tem uma boa relação com a data, mas antes apreciava mais a data: "quando meu filho era militar da aeronáutica - ele saiu ano passado - era uma felicidade, coisa bonita de ver meu filho fardado. Mas esse ano, eu fico um pouco triste, por consequências da política. Sabe? Tem muita gente com medo, por causa do protesto desta terça. Eu acho que as pessoas deveriam fazer uma coisa na paz", explica. "Enquanto brasileiro, eu enxergo uma data muito bonita, a proclamação da república, um direito adquirido. A minha maior mensagem para o 7 de setembro é que seja um feriado de muita paz", apela.

Margarete Peniche Pereira, de 17 anos, estava em Belém a passeio e retornou para São Caetano de Odivelas, na manhã de ontem (6). Ela diz que sente falta de ver os desfiles e que a data é muito importante: "pelo menos para mim. Representa a liberdade do Brasil, da pátria e do povo brasileiro. Eu acho importante e na terça as pessoas vão ver o que eu vou me posicionar nas redes sociais. Sobre a liberdade do povo", relata a estudante. "Se eu puder dar um recado à população, diria: que as pessoas saibam comemorar este dia, que fiquem em casa, porque não dá para ficar saindo e um feliz 7 de setembro para todo mundo", concluiu Margarete.

Já para a universitária e comerciante Hellayne Sousa, os símbolos que envolvem o Brasil foram ressignificados: "dia 7 de setembro, assim como a própria bandeira do Brasil, tomaram outros contornos nos últimos anos. Principalmente com o atual governo. Não me sinto livre desde que entramos em quarentena. Estamos vivendo tempos exclusivos, que abraçam o preconceito, onde parece que a cada minuto retrocedemos. Perdendo as conquistas que conseguimos a duras penas no decorrer da história", desabafa a estudante. "Espero que logo mais possamos reverter este quadro com um representante que de fato fale em nome de todos nós, quanto povo brasileiro. Para que eu volte a ter felicidade de comemorar o 7 de setembro e ter orgulho da bandeira do Brasil", afirma.

A professora de Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Denise Machado Cardoso, também explica o simbolismo do data: "o sete de setembro marca oficialmente a independência do Brasil de sua ex-metrópole. Embora fosse um Reino Unido a Portugal, o Brasil ainda mantinha fortes traços de dependência. A data também desperta debates acerca do processo de autonomia, porque foi dirigido pelo próprio príncipe regente sem que houvesse participação popular. Sendo assim, uma exceção em todo continente americano. Ao longo dos tempos a data é marcada por manifestações civis e militares, sempre com controvérsias a respeito do grau de independência que o Brasil tem em relação a outras nações, notadamente sobre questões econômicas e culturais", explica Denise.

Na independência do Brasil, algumas províncias - Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia e Cisplatina -, hoje cidades, rebelaram-se e não aderiram ao movimento de independência, explica a antropóloga: "no Pará, a data do sete de setembro é associada à independência, mas aqui esta adesão só ocorreu após resistência. Tanto que no dia 15 de agosto se tornou também uma data comemorativa", relembra. 

Sobre como a data é percebida, celebrada e apropriada na contemporaneidade, Denise explica que: "atualmente, a questão política está sendo debatida no cenário de contestações às várias ações do governo em diferentes áreas. A gestão federal se utiliza de símbolos nacionais na tentativa de se apropriar do discurso do patriotismo de maneira excludente, tal como ocorreu no governo militar da década de 1960, quando, por exemplo, foi lançado o slogan 'Brasil, ame-o ou deixe-o!', explica a antropóloga. "Também há uma manipulação dos usos desta data para associar a bandeira nacional e outros símbolos, apenas a quem é favorável ao atual governo", finaliza a antropóloga.

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