#TBT: Você sabia que o Biotônico Fontoura já teve mais álcool que cerveja? Relembre a polêmica
Tradicional fortificante infantil do Brasil chegou teve alerta de riscos para crianças e virou caso de saúde pública; entenda

Um dos remédios mais tradicionais da história do Brasil, o Biotônico Fontoura, fez parte da infância de gerações. Comercializado por mais de um século, o fortificante prometia aumentar o apetite, combater a anemia e melhorar os níveis de ferro no organismo. O que muita gente não sabe é que, por décadas, o remédio tinha mais álcool que uma cerveja comum — e isso acabou se tornando uma grande polêmica de saúde pública.
Na época de sua criação, o Biotônico era produzido com 9,5% de álcool etílico, índice superior ao de muitas bebidas alcoólicas. Durante a Lei Seca nos Estados Unidos, inclusive, o produto chegou a ser vendido por lá como uma forma legal de consumir álcool disfarçado de medicamento. Relembre a polêmica do fortificante.
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Risco de embriaguez e dependência?
O teor alcoólico do Biotônico foi alvo de críticas desde os anos 1990. Um parecer do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), emitido em 1995, alertava para o risco de embriaguez infantil, dependendo da dose ingerida. Estudos posteriores apontaram que o consumo prolongado de tônicos com mais de 4,5% de álcool poderia aumentar a propensão ao alcoolismo na vida adulta.
Entre os efeitos colaterais observados estavam náuseas, aceleração dos batimentos cardíacos, dor de cabeça e até confusão mental, principalmente em crianças com baixa tolerância ao etanol.
Proibição e mudança na fórmula
Diante das evidências e preocupações crescentes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu agir. Em abril de 2001, o órgão determinou que o álcool deveria ser retirado de todos os medicamentos e suplementos alimentares infantis. A medida obrigou uma reformulação completa do Biotônico Fontoura, que passou a ser comercializado sem a presença de etanol.
A Anvisa afirmou que a decisão visava "eliminar a exposição de crianças ao álcool", mesmo em doses aparentemente inofensivas.
Sobre o Biotônico Fontoura
Criado em 1910, pelo farmacêutico Cândido Fontoura, o Biotônico ganhou o nome graças ao escritor Monteiro Lobato, que chegou a trabalhar na propaganda da fórmula. O produto era feito originalmente com sulfato ferroso, ácido fosfórico, extratos vegetais e álcool. A combinação, na época, era comum entre fortificantes.
Com o tempo, o Biotônico foi vendido como um “remédio para tudo”: de anemia e fraqueza a até mesmo como solução estética para homens e mulheres, prometendo mais vigor, beleza e saúde.
Hoje, o Biotônico continua no mercado com uma linha diversificada e sem álcool. Ele pode ser encontrado em versões líquidas nos sabores original, morango e uva; em comprimidos mastigáveis (morango e tutti-frutti) e também em pó, nos sabores chocolate e baunilha. Nesta última versão, o ingrediente principal é o açúcar.
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