Por que homens estão cortando os cílios? Entenda a nova 'tendência'

Uma tendência que circula nas redes sociais nas últimas semanas tem chamado atenção de oftalmologistas: vídeos em que homens aparecem aparando ou até raspando completamente os cílios para adotar um visual considerado mais “masculino”. A prática, que ganhou força no TikTok, Instagram e X, envolve desde o uso de lâminas próximas aos olhos até máquinas de corte e tesouras de cabeleireiro.

Apesar de o movimento viralizar como estética, especialistas alertam que os cílios desempenham funções essenciais para a proteção dos olhos. Além de impedir a entrada de poeira e sujeira, eles ativam o reflexo de piscar, ajudam a manter a umidade ocular, reduzem o fluxo de ar sobre os olhos e filtram o excesso de luminosidade.

VEJA MAIS

Raspar ou cortar cílios pode causar lesões e infecções

O ciclo natural dos cílios envolve crescimento, queda e renovação. Entretanto, oftalmologistas apontam que a remoção inadequada pode provocar irritações e até ferimentos. Pontas afiadas deixadas pelo corte podem roçar na superfície ocular e causar desconforto. Há ainda riscos mais graves.

Lesões cortantes nas pálpebras, na conjuntiva e na córnea podem servir de porta de entrada para bactérias, aumentando a possibilidade de infecções oculares. Em casos em que os cílios crescem desalinhados após o corte, é comum ocorrer vermelhidão e irritação.

A tendência, conhecida como “cílios na régua”, começou fora do Brasil e tem levado oftalmologistas a reforçarem alertas sobre danos potenciais ao globo ocular e à barreira de proteção formada pelos cílios.

Por que parte dos homens está aderindo à tendência?

A busca pelo novo visual envolve, principalmente, a tentativa de evitar características associadas à feminilidade. Cílios longos e volumosos são historicamente vistos como traços atrativos em mulheres, retratados em obras de arte, literatura e estudos acadêmicos.

No cenário atual, influenciado por discursos difundidos na chamada “manosfera”, cresce entre alguns homens o desejo de eliminar aspectos considerados “suaves” ou femininos na aparência. Esse movimento ajuda a explicar a adesão ao corte extremo dos cílios, apesar dos riscos à saúde ocular apontados por especialistas.