MENU

BUSCA

Quem é a mulher de policial civil de SP presa acusada de lavar dinheiro do PCC

Danielle estava foragida desde o dia 28 de fevereiro

Estadão Conteúdo

A Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira, 4, a mulher de um policial civil investigada por supostamente lavar dinheiro para a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Danielle Bezerra dos Santos é mulher do policial civil Rogério de Almeida Felício, o "Rogerinho", citado na investigação que apura a participação de policiais em atividades ilícitas atribuídas ao empresário Vinícius Gritzbach. Ele é apontado como delator do PCC e de policiais corruptos.

A prisão foi confirmada pela Polícia Federal ao Ministério Público de São Paulo. O processo tramita em segredo de Justiça. A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Danielle e Rogerinho.

Danielle estava foragida desde o dia 28 de fevereiro. Devido ao sigilo, a PF não revelou detalhes da prisão. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu a prisão alegando que Danielle atuava "no contexto das atividades ilícitas da organização (PCC) para lavagem de capitais do produto em proveito do crime de tráfico de drogas e outros crimes correlatos praticados por seus integrantes".

VEJA MAIS

Corregedoria da PM prende segundo suspeito de matar delator do PCC
O cabo da PM Ruan Silva Rodrigues, de 32 anos, foi preso no 20º Batalhão da Polícia Militar e será encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes

Motivação do assassinato de Gritzbach foi sua delação, diz DHPP
Além de expor o esquema de corrupção dos policiais, o empresário também revelou nomes do PCC que faziam lavagem de dinheiro

Segundo a apuração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP de São Paulo, ela teria atuado para ocultar provas e objetos dos crimes em que seu companheiro - também denunciado pelo MP - estaria envolvido. Áudios obtidos pela investigação apontam que a mulher tinha conhecimento das atividades criminosas do marido e agia em cumplicidade com ele.

A investigação apurou que Danielle ajudava o marido a administrar contas abertas em nome de empresas laranjas para ocultar dinheiro ilícito.

Antes de se casar com Rogerinho, a mulher manteve relacionamentos com dois integrantes da cúpula do PCC, ambos já mortos. De um deles, Felipe Geremias dos Santos, o Alemão, responsável por operações da facção na Grande São Paulo, ela ficou viúva em 2019.

A investigada se relacionou também com Janeferson Mariano Gomes, o Nefo, apontado como autor de um suposto plano para sequestrar o senador Sérgio Moro (União). Nefo foi assassinado em junho de 2024 no interior da Penitenciária de Presidente Venceslau (SP).

Nos áudios e nas mensagens por grupos de WhatsApp que instruem a investigação, Danielle conversa também com amigos sobre as práticas do marido, que se valia da condição de policial civil para extorquir dinheiro de supostos criminosos.

Em um dos áudios, o policial conta à mulher que usaria uma viatura policial descaracterizada para fazer uma dessas cobranças. Nesse caso, o dinheiro era devido a Nefo. Nas conversas, Danielle sugere ser "herdeira" do dinheiro do PCC.

As mensagens e outros indícios apurados pela investigação da Polícia Federal levaram o MP a pedir a prisão preventiva da investigada.

A investigação é a mesma que apura o esquema de corrupção que resultou na morte de Vinícius Gritzbach. O delator foi vítima de uma emboscada, com a participação de policiais militares, no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, em novembro de 2024. Rogerinho, no entanto, não foi preso por suspeita de envolvimento na execução de Gritzbach, mas por outros supostos crimes praticados anteriormente.

Dados da Receita Federal apontam o policial Rogério Felício como dono de empresas como uma consultoria em segurança, uma construtora e uma administradora de bens próprios, todas com sede em Praia Grande, na Baixada Santista. Em redes sociais, ele ostentava relógios de luxo e viagens com a mulher. Danielle não é listada como sócia das empresas.